
John Constantine conhece os segredos da antiga Inglaterra como conhece a palma de sua mão manchada de nicotina. Infelizmente, ele agora está a um mundo de distância de sua verdejante e agradável terra.
John voltou aos Estados Unidos, e desta vez aterrissou no pior lugar possível: uma cela em uma prisão de segurança máxima, com uma sentença de 35 anos por assassinato. Se adaptar a esse novo ambiente será difícil, mas não impossível para o maior Mago que o mundo já viu. Na verdade, os colegas prisioneiros deveriam se perguntar não se o inglês de fala afetada irá se adaptar ao confinamento, mas sim se eles sobreviverão… será o fim da jornada de John Constantine ou um novo começo, agora no Novo Mundo?
BRIAN AZZARELLO (100 BALAS) e RICHARD CORBEN (Creepy, Heavy Metal) juntam-se para levar John Constantine por uma terrível jornada pelos cantos mais sombrios e obscuros dos Estados Unidos. Esta edição reúne John Constantine, Hellblazer 146 a 150.
(John Constantine Hellblazer 146 a 150)
Encadernado
17 x 26 cm
128 páginas
Papel LWC
Capa Cartão, Lombada Quadrada
R$ 20,90
Distribuição nacional em bancas especializadas, comic shops e livrarias
UHHHH, Tan, Tararam! É com essa introdução fantástica de uma das maiores e melhores séries televisivas de todos os tempos que começo o comentário desse gibi, que é diretamente ao qual ele remete. Porque o início da fase Brian Azzarello é nada mais, nada menos do que uma ideia "e se o Constantine participasse de uma jornada numa prisão americana"??? Os caras foram tão aloprados que nem se preocuparam em colocar o cara numa prisão que ele estaria mais familiarizado, mas a preocupação é muito mais com o público leitor (majoritariamente americano) do que com a lógica do mundo do personagem em si. Essa história tem aquela vibe de "colocar os X-Men pra brigar na minha aventura de RPG de Dungeons & Dragons", e por conta disso, dessa aloprância, cria um resultado muito legal.

A história já começa com um cuzinho sendo comido. Já chega chegando assim, na violência. Mostrando como é as coisa. Mostra que se você não é rola, você é viadinho, e viadinho tem que ter o rabinho comido. E não vem ficar se achando o machão não, não vem ficar se olhando achando que na prisão tu ia ser fodão. É pra mostrar que branquinho bonitinho com carinha de nenem vai virar é putinha na prisão mesmo. Eu mesmo se fosse eu tava era fodido. Eu tenho um bumbum gostoso, os cara ia comer meu cu até virar folote. É melhor levar porrada até morrer ou comerem seu cu? Não sei e espero que nunca fique nessa posição, e é essa posição que a maioria dos leitores (se não forem todos, afinal, quem é da "perifa" que dá 20 conto num gibizinho? 20 reais é cachaça e maconha pra caralho pra comer as novinha) estão. Você que lê Hellblazer e se acha o ADULTÃO por ler gibi com palavrão, ia virar "pombinha" na prisão.


Prepare-se para virar o "Bitcher" da prisão
Aí quando chega o Constantine Hellblazer na prisão as coisas mudam de figura. As regras esticam, a realidade se distorce e o personagem usa de sua "mágica" pra se safar e "mostrar aos bandidões" como o Constantine, o JOÃO CONSTANTINE QUE ENGANOU O DEMÔNIO, lidaria com eles, homens mundanos. A história é um grande exercício de imaginação do Azzarello de como o Constantine acabaria com todo o elenco do seriado Oz. Isso é necessariamente ruim? Não. Mas também não é necessariamente bom. O personagem basicamente lida com os piores tipos, faz o seu "mambo jambo", o seu "juju" e dá um dedo pros filhos da puta. É legal ver o John fazendo isso num nível revanchista, mas em termo de história e narrativa é muito pobre. É como se você colocasse seu personagem de RPG pra derrotar o Apocalypse, Sr. Sinistro, Darkseid, Coringa e Hitler em sua história.

Ao longo da "história", Constantine treta com arianos, muçulmanos, policiais e ao grande chefão da prisão. A "história" se apressa para criar uma rebelião que por si só não faz muito sentido, a não ser pela conveniência do autor em transformar seu arco na coisa mais bizonha e clichê de prisão possível. E isso tudo é atiçado, é propalado através das artimanhas mal enjambradas do John Constantine. Quando finalmente "all hell broke loose", tudo vai pro inferno, pro vinagre, pras favas, o próprio AZZARELLO tem que aparecer no meio da história para arrumar a casa toda.





agente especial Brian Azzarello vai ao resgate de sua própria história
Na última parte da história, descobrimos como e porquê o Constantine foi parar na prisão, e através de uma conversa com um agente do FBI, totalmente ex machina, tira ele de lá e devolve ao status quo de antes. É uma conversa pouco reveladora, sem muitos insights (coisa comum na fase Ennis) e até um pouco enfadonha, mas tá lá. Esse gibi podia ser uma bela duma merda, exceto por um fator: RICHARD FUCKIN' CORBEN!!!

Na boa, se você leu tudo até aqui pode achar que eu ODIEI o gibi, mas é justamente o contrário: achei do caralho! O gibi é puro fan service, mas com a mesma equipe criativa de Cage da finada Marvel Max e do EXCELENTE Banner, eu quero mais é que se foda! Os diálogos do Azzarello, mesmo a serviço de uma história fraca, são muito bons e transmitem bem a sensação de estar na prisão. E quanto a Richard Corben, dispensa elogios, né galera? Se você acha "feio", você está simplesmente errado. Compre esse gibi, pelo amor de deus, faça esse favor a si mesmo. Continua depois? A Panini vai publicar mais? Não importa, só esse gibi lido é que importa. São um daqueles clássicos modernos que não podem faltar na coleção de um leitor de gibi que se considera digno.

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