
Após os encadernados Nascido no Campo de Batalha (Conan vol. 0) e A Filha do Gigante de Gelo/A Mercê dos Hiperbóreos (Conan vol. 1), a Mythos deu continuidade a elogiada fase do cimério escrita pelo Kurt Busiek nesse O Deus na Urna, que reapresenta o conto em que temos a primeira aparição do aqui inimigo do Conan, Thoth-Amon. Para encarar essa empreitada temos o desenhista Cary Nord com o auxilio de Thomas Yeats, Tom Mandrake e cores de Dave Stewart.
Conan é envolvido na trama através da personagem Janissa, A Matadora de Homens, que obedecendo as ordens da Mulher dos Ossos, tem como intuito usar o cimério para ajudar a barrar a futura ameaça de Thoth-Amon que foi recém liberto de sua prisão, uma urna que estava destinada a ser entregue a Kalanthes, sacerdote arquirrival de Amon, mas que foi surrupiada antes de cumprir seu destino.
A primeira parte da história fica na base da investigação dentro do prédio onde a urna estava confinada após ser roubada e de como o homem que a tinha em posse tinha sido morto, então nessa conversa vai se falar do mito de Thoth-Amon e de sua rixa com Kalanthes, Conan ainda um jovem descrente sobre as invocações malignas vai ter seu primeiro contato com a magia de Amon. A segunda parte da história vai focar na jornada de Conan, Kalanthes e Janissa para destruir um artefato místico antes que Thoth-Amon se aposse dele, o feiticeiro vai usando de sua magia até o inevitável embate final, a história se desenvolve num tom épico bem conduzido graficamente pelo Nord.
Kurt Busiek utilizou o conto original de Howard pra contar sua própria aventura, acrescentou novos personagens como a guerreira Janissa, muito bem trabalhada e utilizada na trama, a Mulher dos Ossos que funciona como um dos fios condutores, e repaginou o Thoth-Amon, que ficou com um visual menos anos setenta e sua magia é algo fabulosa de se ver com todos aqueles insetos, cobras etc (a cena que um dos guerreiros do Kalanthes está agonizando até o corpo se espatifar num mar de bichos repugnantes com a cara do Amon é fabulosa). Cary Nord faz sua parte aliando lápis e cores digitais (que não é bem a minha praia mas funciona), o roteiro do Busiek flui bem, começa rápido, dá uma respirada no meio e conclui com bastante ação e um desfecho bacana, mostrando o Conan dono de suas próprias regras. No final das contas a história merece sim os elogios, tem vida própria em vez de ser uma pálida cópia do que foi feito pelo Roy Thomas anteriormente, há uma preocupação dos autores para com o personagem.
A edição ainda conta com duas boas entrevistas com os autores, esboços iniciais para a concepção visual do Thoth e da Janissa, além das páginas (desnecessárias) a lápis do Cary Nord. A Dark Horse foi responsável por manter a moral do Conan em alta nos novos tempos e isso é digno de aplausos, pois mesmo não estando à altura das histórias clássicas do cimério pela Marvel, ainda sim é algo que foi relevante e necessário em dias atuais.

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