
Após ser o último homem no campo de batalha por inúmeras vezes, John Constantine não sabe mais se a vida que leva vale todos os riscos que corre, principalmente se colocar na balança a alma daqueles que ama. Talvez ele tenha percorrido esse caminho por muito tempo e perdido o foco, talvez seja a hora de repensar algumas prioridades. E um bom ponto de partida é conversar com sua amada, Dani. Mas o caminho para os braços dela o jogará em outra trilha não muito agradável. Enquanto isso, nos subúrbios de Londres, algo está crescendo e agitando o mundo espiritual. A intensidade aumenta e a ira de uma turba de espíritos encontra o caminho para afetar a vida dos moradores. Até aqui já se foram dez anos de história, e Constantine continua cercado pelos mesmos dilemas e dramas que o perseguem desde o princípio. Isso o leva a se perguntar e questionar alguns aspectos da própria vida. E o que melhor para voltar a ser o senhor do próprio destino do que uma bela jornada ao passado, começando em um bom pub cercado pelos melhores amigos?
Esta edição traz a história comemorativa de dez anos da série HELLBLAZER, que é a última da histórica sequência desenhada por Sean Phillips! O sexto volume de JOHN CONSTANTINE, HELLBLAZER DEMONÍACO continua a fase de PAUL JENKINS (Spectacular Spider-Man) nos roteiros de Constantine, com arte de SEAN PHILLIPS (Criminal) e Warren Pleece (OS INVISÍVEIS). Este volume reúne as edições 115 a 120 da série John Constantine, Hellblazer.
Hellblazer 115 a 120
172 páginas, R$ 25,90
Encadernado muito bom, praticamente só com histórias fechadas. Digo praticamente, porque uma é um arco em duas partes, mas que se encerra ali mesmo.
O encadernado começa com No Canto Vermelho, que mostra Dani (a atual parceira de Constantine) sendo atormentada pelo ex-namorado. Jonh, é claro, não deixa isso barato, mas prefere agir indiretamente. Esse é o tipo de história simples que cai muito bem para Constantine, que apronta uma filha da pUtAgem na melhor das intenções. A vingança armada contra o ex-namorado da Dani é bem legal, e deve agradar, principalmente, as leitoras (se é que existe leitora de Hellblazer).
Depois, vem Contramão, o mencionado arco em duas partes (e minha história preferida no encadernado). A trama gira em torno de fantasmas, que começam a deixar o cemitério e assombrar os moradores do pacato bairro à volta. Isso traz à tona eventos bem sombrios dos moradores, mas a grande sacada da história é o acontecimento que provoca a ira dos fantasmas (e, por consequência, a forma como Constatine resolve o problema). Acho interessante essa coisa de as ações dos vivos afetarem o mundo dos espíritos, ainda mais quando se trata de um acontecimento tão banal, como é o caso aqui.
Em seguida, temos Vida, Morte e Táxis, que coloca dois amigos de Constantine em situações completamente opostas: Straff vê sua mãe à beira da morte, enquanto Rich vive a expectativa do nascimento da filha. A trama tem momentos divertidos (como correria de John e Chas para ajudar ambos os amigos), mas o mais legal é o modo como Constantine (que encara demônios três vezes por semana) fica perdido em situações normais. O final é singelo e meio adocicado, como não se vê muito nas histórias do mago.
Corrente também traz uma ideia muito bacana, ao estabelecer uma relação entre diversas tragédias, ocorridas em diferentes lugares e épocas. Confesso que a execução, com Constantine apenas como espectador, não me agradou tanto assim. Achei inferior às demais histórias do encadernado, mas, assim, uma leitura interessante.
Finalizando, temos Procura-se Algo Desesperadamente, publicada em Hellblazer #120, comemorando dez anos da série. Em vez de um evento grandioso, Jenkins preferiu comemorar o momento homenageando o mago e seus criadores. Assim, temos aparições de escritores/desenhistas do título (inclusive do próprio Alan Moore), enquanto John conduz um interlocutor misterioso ao seu mundo de magia, possessões e engodos. Eu gostei da história e achei a comemoração adequada. Até porque acho que Paul Jenkins foi mais bem sucedido nessas histórias “menores” do que quando se aventurou por arcos grandiloquentes. A história ainda fecha com uma sacadinha legal sobre o interlocutor de Constantine.
Na arte, Sean Phillips faz o bom trabalho de sempre. Warren Pleece quebra o galho na primeira história, e até cumpre com dignidade seu papel. Mas Phillips é bem melhor que ele.
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