
Ponto Cego, parceiro, protegido e aluno do Demolidor, foi capturado pelo insano Muso e teve seus olhos arrancados. Agora tomado pela culpa, Matt Murdock faz uma aposta arriscadíssima e coloca todos os bandidos de Nova York contra si a fim de atrair o Mercenário, na esperança de uma cura para seu discípulo. Mas a tragédia de Ponto Cego não é o único peso na consciência do Homem Sem Medo. Descubra como todo o mundo esqueceu a identidade secreta do Demolidor!
(Daredevil 15-20)
Revista especial
Formato americano
132 páginas
Papel LWC
Capa cartão, lombada quadrada
R$ 20,90
Distribuição nacional
É neste gibi que a fase do Charles Soule finalmente se dignifica a explicar COMO o mundo inteiro esqueceu a cerca sobre a identidade secreta do Demolidor. Não apaga da existência o que foi feito, muito pelo contrário, TUDO que ocorreu, ocorreu, e a solução para tal foi posta pelo próprio Waid em um de seus arcos e o Soule usou com maestria para acabar com algo que começou ainda na fase Frank Miller e Mazzuncheli no Demolidor, culminou na fase Bendis e teve seus derivados até hoje.

Porém o arco que inicia o encadernado, O Sétimo Dia, um mini arco a bem da verdade, lida com as consequências do que ocorreu na última edição, onde o Muso arrancou os olhos do Ponto Cego e agora o Demolidor busca uma maneira de ajudar o amigo. Remetendo a algo que ocorreu ainda em Demolidor #1 onde o Mercenário tinha um treco que fazia com que replicasse os sentidos do Demolidor. Eu nem lembro disso e só acreditei na narração, parabéns ao Soule pelo respeito e conhecimento que tem das fases anteriores.
A história é bem introspectiva, porém interessante, demonstrando toda a culpa que o Demolidor sente pelo ocorrido. Ele faz amizade e se confessa com um padre, o Jordan, que é uma espécie de "gladius dei antigo", isso é bem doido, ainda assim bem gibi isso, e legal da história. Só achei meio paia porque a história dedica uns trechos a um carinha que tenta capturar o Demolidor por dinheiro, mas que no final não leva a porra nenhuma. Acredito que o Soule possa trabalhar o personagem no futuro. Eu acho. Arte bem boa de Goran Sudzuka.

Aí então começa o arco "Púrpura" que narra como foi que a identidade do Demolidor foi esquecida por todos. Como disse o saudoso Mr. Bosta "solução elegantérrima" pra um negócio que já havia se tornado um problema. A verdade é que enquanto os autores tinham algo para contar a respeito do Demolidor, o lance da identidade revelada, meio sim, meio que não, rendeu bastante. Foram ANOS de história. Aí veio a fase Waid que, convenhamos, funcionaria bem melhor se fosse com o Demolidor com identidade secreta. Tanto é que o bicho "brinca" com aquilo o tempo todo. Até o ponto em que perde a graça, com "Demolidor de terno", como se o cara tivesse mobilidade para pular, fazer cacoete e lutar usando terno e gravata e ainda um coletinho, puta que me pariu. Pense no SEBO que deve ficar aquele terno ao final do dia.
Matt levava a vida numa boa, de gostosão transudo
A história aborda algo que o IMBECIL do Waid sequer imaginou, as IMPLICAÇÕES LEGAIS de ter um vigilante uniformizado saindo por aí dando porrada na bandidagem, mas os caras SABENDO O CPF DO CARA! O problema a princípio nem é os marginais atacarem você, mas a longo prazo é derrubar todas as implicações criminais que envolvem os indivíduos que o cara espanca pra prender, ou "prisão de cidadão". Esse Soule é foda mesmo, e o cara ainda era advogado, sabia que isso ia recompensar de alguma maneira na qualidade das histórias do Demolidor a partir de então.

História emocionante, bem construída e cheia de ação. Não conheço bem o personagem, mas fico imaginando apenas se o Homem Púrpura é capaz de construir a máquina que planejava dominar o mundo na história... tirando isso, é uma boa história. Sem contar, que se a intenção do Homem Púrpura é só escrotizar, por que não seria plausível? Ele querer escrotizar o mundo? O clímax da história e a proporção é bem foda. No penúltimo capítulo temos a arte do Marc Laming que faz um trabalho excepcional.

Ao fim do gibi, temos uma situação parecida com o pacto, mas sem o pacto: todos esqueceram a identidade do Demolidor e só vão lembrar os fatos se assim ele o quiser. A única pequena falha que eu vejo é que existem várias DOCUMENTAÇÕES de que foram feitas acusações de que Matt era o Demolidor (recortes de jornal, programas de TV). Porém como o Matt nunca ADMITIU ISSO ON THE RECORD então pode-se dizer que foram feitas alegações infundadas, mas que não levaram a nada ou foram desmentidas (o próprio julgamento sobre as alegações do Globo foi interrompido como visto publicado recentemente em Demolidor - O Rei da Cozinha do Inferno). Uma solução que funciona sem levantar muita incredulidade.

História muito boa como de costume nessa fase do Soule e também com uma arte magistral, sóbria, longe daquelas bobildas que já estavam dando nos nervos na época do Waid e seu "Chris Samne de desenho animado" que é muito bom, mas não combina com aquela porra. Ron Garney fazendo o trabalho de sua vida aqui.

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