Pensei que tinha tópico pro gibi, mas não achei na busca e nem no tópico com o índice de avaliações. Faz sentido, afinal é Watchman, mas como foi relançada recentemente e a série está ganhando destaque no DC Rebirth, vamos lá:

Pra ser sincero, pensei que jamais leria Watchman. Um misto de rebeldia e, de certa forma, receio. Na época que eu decidi fazer isso, tinha interesse em ingressar na indústria (mas diferente do amigo Canibal, nunca tive interesse em "startar" o mercado
) e, sabendo da influência da obra nos roteiristas, achei que isso me impediria de criar estilo próprio. Coisa boba de quem sonhava demais, mas os tempos passam, a idade chega, a gente evolui e para de esquentar a cabeça com coisas inúteis.
Mas no final de contas, eu diria que foi benéfico. Se muito, foi o melhor momento pra ler a mini onde as experiências da vida como pessoa e leitor, permite ver a obra como provavelmente o autor planejou que ela fosse vista.
E não, esse não é o típico tópico pra desmascarar obras elogiadas. Até porque não se aplica a esse caso. A mini merece o sucesso que tem.
Alguns dos motivos pra isso, eu diria que são:
1 - A impressionante - e exemplar dedicação do Moore em construir a obra. A forma como pensou o universo, os personagens, como suas histórias se relacionam e como tudo se liga ao que trama se propõe é incrível e mostra muita dedicação por parte dele. Achei até legal que nas anotações ele menciona que não conhece muito a personagem Sombra da Noite mas aceita material pra pesquisa. Sim, crianças, até Alan Moore faz ESTUDO. Como os personagens foram inspirados no acervo da Charlton, achei legal que houve a preocupação em ser fiel a essas raízes, até mesmo levando em consideração a visão de vida/posição política de um dos criadores desses personagens (Steve Ditko, no caso).
Eu diria que o que faz Rorschach e Dr. Manhattan serem os mais populares da série, ou pelo menos os personagens mais emblemáticos é como o Moore se preocupou em dar a ambos personalidade e estilo próprios. Veja como ambos falam, como reagem ao mundo ao seu redor, a forma como falam. Cada um é, de certa forma, um indíviduo por si só. Isso é feito que poucos conseguem e um baita mérito do Moore como roteirista.
Quanto aos outros, não é que sejam inferiores ou menos importantes. Eles também são bem escritos e tem sua individualidade bem reforçada, mas eu diria que esses dois se sobressaem devido as proprias características, maneirismos e forma de falar que os fazem únicos.
(como nota lateral, chega a ser interessante como o Moore meio que diz, ainda que não com essas palavras, que despreza as visões de Ditko mas respeita e admira seu trabalho como artista. É engraçado porque de certa forma se aplica a ele mesmo
Mas por outro é triste por meio que mostra uma involução dele como pessoa: nessa época mostrou maturidade e coerência enquanto hoje em dia ele se comporta como o inverso disso)
2 - O conceito da HQ em si é um golpe de mestre pra ajudar o mercado a prosperar: com os gibis sendo visto como "coisa de criança" graças aos super heróis, Moore usa os próprios pra mostrar que quadrinhos podem ir e vão muito além disso. O lance de colocar uma história de piratas, no estilo daqueles gibis antigões, que traçava paralelos com o que acontecia na trama foi boa porque ajuda a reforçar essa ideia.
Eu diria que parte da decepção do Moore é que a intenção deles era usar a obra pra mostrar que HQs, enquanto forma de arte, vão além dos supers, mas no final parece que os roteiristas entenderam de outra forma: que o segredo eram autores britânicos no comando, sangue, desconstrução, distopia, realismo, sexo
Já vi a obra ser definida como "aviso", porém, vejo-a apenas como um símbolo de que HQs, como arte, são mais do que se pode pensar e que há espaço pra entretenimento além dos colantes.
Talvez a trama em si não impressione tanto alguns, dada a época em que vivemos e até mesmo o que já vimos na ficção, mas o maior destaque da obra é - e vale ressaltar isso aí - é o capricho como ela foi construída. E isso se pode ver até nos fragmentos dos roteirista da edição (que vem como extras) onde o Moore descreve até detalhes do cenário. Eu diria que um dos maiores méritos do Moore é saber aliar a mensagem que ele quer passar com o que a história precisa e tudo isso dentro das técnicas necessárias pra se escrever bem nesse meio. Tudo isso enquanto sabendo lidar com as restrições do formato.
E considerando a época no qual ela saiu, dá pra entender melhor porque conseguiu o status de clássico que tem hoje.
Em termos de arte, Gibbons entende que esse é O trabalho pra sua carreira. As páginas transbordam o esmero e a dedicação do artista em fazer o melhor trabalho possível.
Na edição brasileira, a Panini traz as notas do Moore pra criação desse universo, esboço, artes promocionais, uma introdução do Moore e um "afterword" do Gibbons, além de fragmentos do roteiro original. Eu pessoalmente, não vi nenhum erro de revisão e, francamente, o infame lance de "efeito de arrotos" não me incomodou e nem comprometeu minha leitura. Talvez porque eu já tinha visto isso ser comentado? Talvez, mas como não erraram o resto (o que, convenhamos, podia ter acontecido) dá (lá ele) até pra perdoar.
Enfim, é uma excelente HQ. Não diria que é a melhor de super heróis, porque seu objetivo é usá-los como forma de mostrar que HQs vão além disso, mas sim que é uma das melhores dessa forma de arte como um todo. Que, na minha opinião é como deve - e merece -ser avaliada.
Nota 10.

Uma das Graphic Novels mais influentes de todos os tempos e um eterno bestseller, Watchmen só cresceu em estatura desde sua publicação original, como minissérie, em 1986. Esta edição de luxo, com capa dura, papel especial e formato diferenciado, traz a lendária saga escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, totalmente recolorida digitalmente por John Higgings, o colorista original. Não apenas isso, o volume de 460 páginas também apresenta uma quantidade de extras jamais vista no Brasil, trazendo trechos do roteiro original, esboços de Gibbons, comentários sobre os personagens, textos dos criadores e mais. Uma edição primorosa que não pode faltar na estante de nenhum colecionador. O ano é 1985. Os Estados Unidos são uma nação totalitária e fechada, isolada do resto do mundo. A presença de arsenais nucleares e dos chamados super-heróis mantém um certo equilíbrio entre as forças do planeta... até que o relógio do fim do mundo começa a marchar para a meia-noite e a raça humana para um abismo sem-fim. A sombria e inigualável trama tem início com ilusões paranoicas do supostamente insano herói Rorschach, um dos Watchmen que patrulhavam os EUA décadas atrás. Mas ele estaria realmente insano ou na verdade teria descoberto uma sórdida conspiração para assassinar super-heróis -- ou, pior ainda, milhões de civis inocentes? Fugindo da lei, Rorschach junta-se a ex-companheiros do passado em uma desesperada tentativa de salvar suas próprias vidas... e o que acabam descobrindo, além de abalar suas estruturas, poderá alterar o próprio destino do planeta Terra! Seguindo duas gerações de heróis mascarados, desde a Segunda Guerra até os tensos anos da Guerra Fria, surge esta pioneira epopeia de ódio, amor, reencontros impossíveis, grandes reviravoltas e muita ação, como só a criatividade de Alan Moore e Dave Gibbons poderia conceber! Watchmen foi considerada pela revista TIME uma das cem melhores obras em língua inglesa de todos os tempos.

Mas no final de contas, eu diria que foi benéfico. Se muito, foi o melhor momento pra ler a mini onde as experiências da vida como pessoa e leitor, permite ver a obra como provavelmente o autor planejou que ela fosse vista.
E não, esse não é o típico tópico pra desmascarar obras elogiadas. Até porque não se aplica a esse caso. A mini merece o sucesso que tem.
Alguns dos motivos pra isso, eu diria que são:
1 - A impressionante - e exemplar dedicação do Moore em construir a obra. A forma como pensou o universo, os personagens, como suas histórias se relacionam e como tudo se liga ao que trama se propõe é incrível e mostra muita dedicação por parte dele. Achei até legal que nas anotações ele menciona que não conhece muito a personagem Sombra da Noite mas aceita material pra pesquisa. Sim, crianças, até Alan Moore faz ESTUDO. Como os personagens foram inspirados no acervo da Charlton, achei legal que houve a preocupação em ser fiel a essas raízes, até mesmo levando em consideração a visão de vida/posição política de um dos criadores desses personagens (Steve Ditko, no caso).
Eu diria que o que faz Rorschach e Dr. Manhattan serem os mais populares da série, ou pelo menos os personagens mais emblemáticos é como o Moore se preocupou em dar a ambos personalidade e estilo próprios. Veja como ambos falam, como reagem ao mundo ao seu redor, a forma como falam. Cada um é, de certa forma, um indíviduo por si só. Isso é feito que poucos conseguem e um baita mérito do Moore como roteirista.
Quanto aos outros, não é que sejam inferiores ou menos importantes. Eles também são bem escritos e tem sua individualidade bem reforçada, mas eu diria que esses dois se sobressaem devido as proprias características, maneirismos e forma de falar que os fazem únicos.
(como nota lateral, chega a ser interessante como o Moore meio que diz, ainda que não com essas palavras, que despreza as visões de Ditko mas respeita e admira seu trabalho como artista. É engraçado porque de certa forma se aplica a ele mesmo

2 - O conceito da HQ em si é um golpe de mestre pra ajudar o mercado a prosperar: com os gibis sendo visto como "coisa de criança" graças aos super heróis, Moore usa os próprios pra mostrar que quadrinhos podem ir e vão muito além disso. O lance de colocar uma história de piratas, no estilo daqueles gibis antigões, que traçava paralelos com o que acontecia na trama foi boa porque ajuda a reforçar essa ideia.
Eu diria que parte da decepção do Moore é que a intenção deles era usar a obra pra mostrar que HQs, enquanto forma de arte, vão além dos supers, mas no final parece que os roteiristas entenderam de outra forma: que o segredo eram autores britânicos no comando, sangue, desconstrução, distopia, realismo, sexo

Já vi a obra ser definida como "aviso", porém, vejo-a apenas como um símbolo de que HQs, como arte, são mais do que se pode pensar e que há espaço pra entretenimento além dos colantes.
Talvez a trama em si não impressione tanto alguns, dada a época em que vivemos e até mesmo o que já vimos na ficção, mas o maior destaque da obra é - e vale ressaltar isso aí - é o capricho como ela foi construída. E isso se pode ver até nos fragmentos dos roteirista da edição (que vem como extras) onde o Moore descreve até detalhes do cenário. Eu diria que um dos maiores méritos do Moore é saber aliar a mensagem que ele quer passar com o que a história precisa e tudo isso dentro das técnicas necessárias pra se escrever bem nesse meio. Tudo isso enquanto sabendo lidar com as restrições do formato.
E considerando a época no qual ela saiu, dá pra entender melhor porque conseguiu o status de clássico que tem hoje.
Em termos de arte, Gibbons entende que esse é O trabalho pra sua carreira. As páginas transbordam o esmero e a dedicação do artista em fazer o melhor trabalho possível.
Na edição brasileira, a Panini traz as notas do Moore pra criação desse universo, esboço, artes promocionais, uma introdução do Moore e um "afterword" do Gibbons, além de fragmentos do roteiro original. Eu pessoalmente, não vi nenhum erro de revisão e, francamente, o infame lance de "efeito de arrotos" não me incomodou e nem comprometeu minha leitura. Talvez porque eu já tinha visto isso ser comentado? Talvez, mas como não erraram o resto (o que, convenhamos, podia ter acontecido) dá (lá ele) até pra perdoar.
Enfim, é uma excelente HQ. Não diria que é a melhor de super heróis, porque seu objetivo é usá-los como forma de mostrar que HQs vão além disso, mas sim que é uma das melhores dessa forma de arte como um todo. Que, na minha opinião é como deve - e merece -ser avaliada.
Nota 10.
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