
Reggie Revolt não é exatamente o salvador cultural que você imagina. Filho de mãe solteira, cresceu passando muito tempo sozinho e virou um rabugento preguiçoso pra quem o mundo da arte se resume ao pixo nas paredes do beco onde compra a erva que fuma. A mãe dele, no entanto, não tem um trabalho dos mais comuns. É a chefe de uma organização secreta chamada Agentes da Arte, cuja missão é proteger os tesouros artísticos do mundo – o que é muito mais trabalhoso do que alguém poderia pensar pela descrição.
Reggie sempre evitou a cena cultural da mãe, mas um encontro devastador com as forças sombrias que ameaçam as obras-primas do mundo o contaminou com o caótico poder das artes. Quando toda a organização liderada por sua mãe desaparece, deixando desamparado o mais recente resgate – La Gioconda, a Monalisa em pessoa –, cabe a Reggie e a uma trupe de amigos (o que inclui um agente superpoderoso que escreve seriados, uma garota anos 80 ícone dos videoclipes que só quer saber de se divertir e uma adolescente suburbana vendedora de roupas numa loja no shopping center) entrar em ação e descobrir o que aconteceu. Mas eles terão a bagagem necessária para encarar o lado negro da criatividade humana?
Criada pelo roteirista Shaun Simon (coautor de The True Lives of the Fabulous Killjoys, ao lado de Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance) e pelos artistas Michael Allred (cocriador de iZOMBIE) e Matt Brundage (The Spirit: As Novas Aventuras), ART OPS: AGENTES DA ARTE é um título que vai mergulhar fundo nos bastidores do submundo artístico. COMO INICIAR UM TUMULTO reúne as edições 1 a 5 da série ART OPS.
(Art Ops 1 a 5)
Encadernado Eventual
17 x 26 cm
148 páginas
Papel LWC
Capa Cartão
Lombada Quadrada
R$ 24,90
Distribuição setorizada para bancas, nacional para lojas e bancas especializadas em HQs
Esse gibi é praticamente uma resposta a série DPF - Departamento de Polícia Física publicados em quatro partes com tópicos aqui e aqui. Digo isso porque enquanto essa série quer ter um aspecto racional e científico as aloprações que tem no gibi (e nem sempre dá certo, comecei a ler e achei um xarope só, mas um dia termino), esta aqui já preza pelo emotivo, pelo sensorial e pelas sensações. Art Ops, Agentes da Arte é exatamente aquilo que o nome sugere: uma organização que visa proteger a arte, pois ela está "viva", coisa que as pessoas comuns não sabem. E cada arte tem suas peculiaridades, personalidade e comportamento.


O gibi começa com a equipe do Art Ops já em ação, retirando a Mona Lisa do quadro e colocando um sósia porque as artes ao redor do mundo estão sendo atacadas ou algo assim. Logo de cara mostra um plot bem doido e que fisga o leitor pela sua maluquice. Pra em seguida mostrar Reggie Revoltys, que é o protagonista (infelizmente) da série. Reggie é um punk que sua história conturbada e relação distante com a mãe é explanada nas primeiras páginas e ao longo do encadernado vai ganhando maiores contornos.

Bicho, eu não cheguei a "odiar" o protagonista, que é o Reggie aí, mas puta que me pariu, não tinha coisa melhor, não? Se tem um pecado essa história é o protagonista que é "marromeno" interessante e você um pouco se identifica com ele. Pode ser que eu seja apenas recalcado porque o Reggie só ganhou o emprego na Art Ops por conta da mãe, aqui é nepotismo mesmo e foda-se, mas eu realmente achei o personagem meio que sacal. Como se fosse pouco, o filha da puta ainda usa o braço de pintura que ganhou como arma secreta pre vencer lutas de boxe clandestinas. É um exemplo, esse menino.

Legal mesmo é o personagem "Corpo" que é ativado quando o plot que vai mover a história tem início. Pelo que entendi do personagem, ele teria sido um super-herói de gibis que ganhou vida por conta da Art Ops. Talvez seja meu maniqueísmo infanto-juvenil e projeção de fantasias adolescentes no personagem, mas eu achei o protagonista facilmente identificável para um público mais conservador como eu. De qualquer maneira, os dois precisam se unir para desvendar o problema. Com isso contam com a ajuda de Izzy, uma antiga agente da Art Ops presa num clipe musical e J. Gorgeous, uma moleca que acompanha os personagens kool e deskolados porque não tem mais nada melhor pra fazer.

Olha, apesar de caótico, achei o gibi extremamente divertido! Foi muito legal ver as aloprações dos personagens. Ler essa história foi como ver uma comédia boba da Sessão da Tarde, como Manequim - A Magia do Amor. É uma história sobre objetos inanimados ganhando vida e é bem gostosa a leitura, em nenhum momento se tornando maçante ou enfadonha. A leitura transcorre que é uma beleza e quanto mais vamos nos aprofundando no passado de Reggie, contado por flashbacks, mais vamos nos afeiçoando ao personagem. Talvez por isso não o tenha achado um total xarope.

Não sou conhecedor de arte, mas aposto que existem vários easter eggs e surpresas que certamente os autores inseriram em meio a história. Tipo, é coincidência ou será que o Dee Tucker, irmão da antiga namorada do Reggie, foi inspirado no Sergei do Poliamor? As possibilidades são muitas.

A trama do gibi fica um pouco desconexa, afinal de contas, o problema que é resolvido ao final da edição não tem nada a ver com o principal que é posto na primeira parte (mas também, não é estabelecido que Reggie e sua patota deviam ajudar o Art Ops, mas apenas proteger as obras de artes dos ataques que estavam acontecendo) ainda assim se fica um pouco desapontado pela história não seguir aquela trama em específico, mas ainda assim a viagem e diversão do gibi permanece.

O Corpo precisa aplicar várias doses de spray pra que a arte no braço de Reggie não assuma todo o corpo.
Praticamente um Cable
Quanto a arte, não há do que se reclamar. Aparentemente, Mike Allred só fez mesmo as primeiras páginas do gibi e deu os "contornos gerais" da arte, deixando o resto para ser completado por Matt Brundage. O resultado final fica bem diferente e condiz com o clima caótico da série. O final foi um SHANANIGAN ex machina do peru, mas o que importa é curtir a arte da série.

até que a mãe do Reggie é bem gostosa
Art Ops é uma opção interessante e diferente. Pode não ser uma oitava maravilha do mundo, mas é um bom gibi deskolado e divertido. A edição possui as capas originais e vários sketches do Mike Allred pros personagens e artes de Matt Brundage. Ainda ha um pequeno texto da antiga editora Vertigo, Shelly Bond, falando da história do logo da série, que é bem instigante mesmo, remetendo a op art de verdade. Bem legal.

Art Ops: um gibi pra se ler locão
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