
Bagdá, 2003. O reinado de Saddam Hussein acabou.
Os americanos estão no comando agora. E ninguém está no controle.
O ex-policial e agora prestador de serviço contratado pelos militares Christopher Henry sabe disso melhor do que ninguém. Ele está no país para treinar a nova força policial iraquiana, e um de seus recrutas foi assassinado. Com a autoridade civil em frangalhos e corpos entulhando as ruas, Chris é a única pessoa realmente interessada em descobrir o culpado pelo crime – e a motivação por trás do ato.
A investigação o leva primeiro a Sofia, iraquiana criada nos Estados Unidos que agora ocupa uma cadeira no conselho de governo, e então a Nassir, um grisalho veterano da força policial de Saddam – e, muito provavelmente, o último investigador de verdade que resta em Bagdá.
Unidos pela morte, mas divididos por lealdades conflitantes, os três precisam ajudar um ao outro no traiçoeiro cenário pós-invasão do Iraque para encontrar quem cometeu o crime. Mas o que os motiva é justiça ou algum outro interesse oculto? Série indicada para os órfãos de ESCALPO!
Inspirado pelas experiências reais que teve como agente da CIA alocado no Iraque, TOM KING (Batman) junta-se a MITH GERARDS (Justiceiro) para produzir este thriller único. Tradução: Levi Trindade.
(The Sheriff of Babylon 1 a 6)
Periodicidade Eventual
Encadernado
17 x 26 cm
164 páginas
Papel LWC
Capa Cartão
Lombada Quadrada
R$ 24,90
Distribuição setorizada para bancas, nacional para lojas e bancas especializadas em HQs.
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Então amigos do fórum, comprei este belo gibi que já estava sendo aclamado e incensado por scanzeiros deslumbrados a quilômetros de distância e parecia ser uma obra-prima visual e de roteiro pra ninguém botar defeito. Talvez um novo 100 Balas no Iraque ou algo assim. Pois bem, a Panini publica agora Xerife da Babilônia, uma série que se não me engano teve 12 edições lá fora e um dia quando a Panini publicar a conclusão, teremos a série completa por aqui. Será que chegará ao seu final ou terá o mesmo destino que o premonitório título Coffin Hill?

De cara já digo logo: gibi bonito. Gibi bem feito. Gibi formoso. Xerife da Babilônia é uma grata surpresa, porque ao invés do que indica o título não é um gibi cheio de ação e emoções fáceis, que se encontra em qualquer gibi de ação. A trama da revista, sua proposta, é muito mais intricada, mas está longe de ser complexa ou pedante. O gibi já pega você pela mão a partir da apresentação de seu protagonista, Chris, um ex-policial nos Estados Unidos que está incumbido de treinar as forças de segurança iraquianas. Temos uma apresentação deste personagem digna do início do excelente filme Guerra ao Terror.

Só que depois desse começo, afora apresentação dos outros dois protagonistas que compõem o grosso da trama, a ex-refugiada e articuladora política Sofia e o policial iraquiano Nassir, o gibi é meio rococó: demora um pouco pra trama "engatar" e na segunda parte o gibi fica bem expositório e realmente toma o seu devido tempo para apresentar a situação. É bom, mas é a parte mais morna do gibi (também pode ser que li de má vontade, em breve irei reler pra ver se minha impressão mudou). É a partir do meio da história, a edição #3 americana que o bicho começa a pegar!

A trama do gibi começa quando temos Christopher e Nassir investigando o assassinato de um membro da força de defesa iraquiana. Entrementes, nós vemos a vida de Nassir como alguém dividido entre os dois mundos, ocidental e oriental, as articulações de Sofia para ganhar poder político e local agora que não é mais perseguida no Iraque e as pequenas "coisas do cotidiano" que são característicos, situações esdrúxulas e o incrível background de seus personagens. O gibi é um grande "slice of life" meio surreal devido ao horror do pós-guerra de um regime autoritário e com aqueles árabes malucos do caralho. É como se as facções criminosas no Brasil tivessem viés religioso.

O gibi só tem UM NEGÓCIO meio cafona que achei: foi essa porra de BANG aí. Toda vez que acontece algo impactante, com um tiro, vem um BANG ou ao lado do quadro, o que nem me incomoda tanto, ou então OCUPANDO TODO UM QUADRO COM IMAGEM PRETA. Porra, é a nova "página branca hickmaniana" só que dessa vez mais contida, porque ao invés de uma página inteira, ocupa apenas um quadro. É um recurso que o autor, Tom King, deve ter achado genial, mas eu achei foi meio cafona mesmo.

Já o mesmo não se pode dizer dos excelentes recursos gráficos e narrativos do Mitch Gerards que faz a arte: o cara usa uns recursos de quadro a quadro para indicar repetição e passam monótona do tempo. É o tipo de coisa que dá "cara" ao gibi, cara de gibi que não é de tiro, ação, pei pei pei, mas de algo mais cadenciado e sútil. Às vezes parece ser um recurso safado que o Mitch Gerards apenas copia e cola do computador e faz uma ou outra diferença pra indicar que houve movimento, mas não deixa de ser bem sacado.

mamãe, quero ser Watchmen
Sem contar que o estilo de Mitch Gerards casa perfeitamente com o tema da história. Antes a única coisa boa do gibi do Justiceiro escrito pelo imbecil filho duma puta do Nathan Edmonsonso, parece que o artista finalmente achou um gibi pra chamar de "seu clássico" enquanto o coitado do Phil Noto continua por aí, desenhando soberbamente história do Chewbaca. A vida é injusta, e mais ainda se você mora em Bagdá.

Algumas vezes, o Mitch Gerard surpreende na mudança da arte
A parte 5 da história com certeza é a mais introspectiva do gibi, focando numa conversa entre Christopher e a esposa de Nassir, Fátima. Porém é uma das mais legais da história, mostrando um pouco do que os personagens sentem e pensam. E mais um pouco do passado do Christopher. Não é algo que é jogado na frente do leitor, mas que o cara precisa montar as peças aos poucos. Muito bem feito. A personagem de Sofia ou Soffya, vai ganhando força ao longo da trama também.

Xerife da Babilônia pode não ser um gibi FECHANTE E LACRANTE AINDA como pensei que fosse, mas se apresenta como uma ótima leitura e um excelente potencial para ter um desfecho fuderoso. Estamos no aguardo da continuação, espero que a Panini não enrole muito ou espere um ano pra isso com a desculpa esfarrapada "se demorou um ano pra publicarem lá fora, vamos demorar um ano pra publicar aqui".

O gibi ainda possui capas originais, esboços de capas, estudos de personagens e um pequeno passo a passo de como Mitch Gerards faz sua arte. Bem bacana. SÓ UM ADENDO: O GIBI POSSUI VÁRIAS MANCHAS PRETAS NAS PÁGINAS, MAS ISSO NÃO É ERRO DE IMPRESSÃO OU PORQUE "BORROU A TINTA" - É PRA SER ASSIM MESMO. Pode comparar com as imagens postadas aqui. Mesmo em formato digital, as "manchas" de tinta preta, talvez emulando sombras ou um aspecto de lugares muito quentes, que enturva a vista, não sei, aparecem aqui. Então se você acha que veio com a tinta borrada, não se preocupe que o gibi é assim mesmo. Mas justiça seja feita, realmente parece que a impressão do gibi está toda cagada!




Bon Cop, Bad Cop
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