
Em um violento bairro do leste de Los Angeles, tomado pelo crime organizado e pelo tráfico, Robbie Reyes recebeu um incrível poder. Uma guerra eclode no submundo: as ruas da Cidade dos Anjos são invadidas pelas drogas do Dr. Zabo, e o Sr. Hyde tem um plano diabólico para expandir seu império! É hora de Robbie encarar o espírito da vingança que se apossou dele e proteger sua vizinhança. mas será que o jovem conseguirá controlá-lo, ou isso o levará a um caminho de destruição?! O novíssimo Motoqueiro Fantasma (agora sobre quatro rodas!) chegou!
(All-New Ghost Rider 1-6)
Formato 17 x 26 cm
136+4 páginas
Lombada quadrada
Papel LWC
R$ 21,00
Distribuição nacional
Então, amigos do fórum, comprei esse gibi que todo mundo que leu """""""""""importado""""""""" falou bem, mas quando chega na hora do "vamô vê", ninguém pagou pra ver, literalmente pagou pra ver o preço de capa do gibi para conferir o material. Eu paguei e li o negócio, e eis aqui o que achei do gibi.

Gibi bom. Gibi gostoso. Gibi divertido e gibi que entretêm. O negócio é simples e o mais pedrês possível, não é nenhuma abordagem original, fantástica, cheia de SHANANIGANS ou algo que faça o leitor dizer "puta que me pariu, que história do caralho, maior sensação da VIDAAHH", mas foi uma leitura agradável. Melhor do que se pode dizer do que certos materiais. É aquele negócio, se você procura o mais do mesmo do Superman ou Batman, vai encontrar na nova série Renascimento da DC, se você curte Motoqueiro Fantasma, se acha o conceito irado e só quer ler uma boa história do personagem, eis aqui que vai atender os requisitos.

Robbie Reyes é um garoto que mora no subúrbio de Los Angeles e cria sozinho o seu irmão aleijado e retardado, porque lê gibis, Gabe, que nas primeiras páginas do gibi tem a sua CADEIRA DE RODAS roubada pela gangue de marginais meia-boca dos caras que ESTUDAM JUNTO com o Robbie. Então é tipo, o cara tem a cadeira de rodas ROUBADA e fica o gibi inteiro ESTUDANDO com os caras que roubaram do irmão... . Aprecio o tempo que o gibi demorou para dar algo catártico ao leitor em relação a isso.

Só que pra complementar a renda, e é engraçado que o gibi NUNCA dê pistas do passado de Robbie e porque ele cria sozinho o irmão, Robbie usa um carro que estava sendo consertado na oficina para correr em rachas na cidade. Apanhado no meio desse pega por um grupo que estava atrás do carro de Robbie, nosso protagonista prontamente se transforma no MOTOQUEIRO FANTASMA!

O gibi é dinâmico. É ágil, rápido, sem embromação ou com pretensões de ser algo maior do que é. A história do Motoqueiro Fantasma é ridiculamente simples. É um personagem que teve sua vida tirada injustamente, e aí parece mais com a história de Danny Ketch do que a do original Johnny Blaze, se não estou enganado, e após o ocorrido busca vingança e retribuição pelo que lhe fizeram. Não tem muito como cagar isso. O gibi evita caixas de pensamento, descrições enfadonhas e até diálogos mais extensos e se foca especialmente no visual. O gibi é praticamente um desenho animado.

Rob foi morto porque seu carro tinha algo que não esperava (desconsidere o caso do carro estar numa oficina e ninguém ter aberto a MALA do mesmo), por capangas de um conhecido e notório vilão tradicional da Marvel (praticamente irreconhecível, curti a nova roupagem). Então tem início a história de vingança de Rob e descoberta de sua atual condição de espírito da vingança! Aliás, uma outra boa sacada da história: nunca se refere ao personagem como isso ou aquilo, apenas mostra o que ele é, deixando ao leitor o papel de reconhecer os "lugares-comuns" do personagem.

O roteiro de Felipe Smith é simples e funcional, com momentos que entregam umas boas surpresas e possui a habilidade de deixar o leitor razoavelmente engajado com o decorrer da história, mas sem sombra de dúvida é a arte de Tradd Moore o GRANDE DIFERENCIAL do gibi! Como dito antes, é como se estivéssemos vendo uma animação do Motoqueiro Fantasma, e digo isso num sentido bom, e não que seria um desenho de merda ou escroto, como aqueles tais de Rick e Moranis, aquele do moleque com cabeça de monstrengo e um cachorro escroto ou Padrinhos Mágicos.

A parte final, no capítulo 5, encerrando o arco de apresentação do personagem, é uma boa conclusão e e deixa o leitor empolgado. O que parte o coração é que um clímax tão bom tenha sido desperdiçado com um final pouco emocionante, mesmo com capangas atacando a vizinhança do Robbie, o que daria o máximo de motivação pro personagem agir, e dedicando poucas páginas para o embate do Motoqueiro contra os capangas armados e o grande antagonista da história. Chega a ser broxante a conclusão que a história teve, e ainda por cima dedica as últimas duas páginas aquele momento catártico que mencionei no começo. É como se roteirista tivesse se esquecido do que fez no começo ou achou que seria bem mais inteligente se deixar pro final. Algo que ninguém mais liga naquele ponto.

Se a arte do Tradd Moore é o diferencial das primeiras histórias, o mesmo não se pode dizer do desenhista da história que se inicia na edição #6 americana e que fecha o gibi (com continuação numa eventual próxima edição, não menos). Desenhada por Damion Scott que SEQUER FOI CREDITADO PELA PANINI como desenhista, o cara entrega na melhor das hipóteses um desenho que é ao menos coerente com a proposta visual de "super deformed" do gibi. Nessa altura do campeonato eu nem me importei tanto e até achei o traço do rapaz simpático, como se fosse um "Humberto Ramos em início de carreira", mas não deixa de ser gritante a diferença entre o trabalho que vinha sendo apresentado do Tradd Moore pra esse pegadinha do malando que foi a última história do gibi.

Robbie Reyes aproveitando a fama de herói para comer as gatinhas
Nessa parte começa a trama da repercussão da história anterior, com direito a fama do Motoqueiro Fantasma crescendo, a volta do vilão, uma possível epidemia causada pela droga que traficava e transforma todo mundo em monstro e Rob Reyes sendo acachapado pelo espírito da vingança que ao invés de sair a noite procurando vingança, prefere sair a noite correndo em rachas para faturar uns mangos. Um herói realista. Porém não sei se esse roteiro fugaz seria o suficiente para atrair os leitores pra uma eventual continuação. Era a arte do Tradd Moore que fazia toda a diferença.

Ainda assim, esse Motoqueiro Fantasma está longe de ser ruim. É uma leitura boa e descompromissada. Não é enfadonha em nenhum momento, a não ser que você não curta ou ache idiota por demais a ideia do personagem. Eu achei bem divertido. Uma curiosidade é que o papel do gibi é creditado como LWC de um checklist que tirei do site do Plaenta Gibi, mas a gramatura do papel é algo parecido com um papel couché. Sem onda, um bônus a mais para o colecionador de quadrinhos moderno!
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