
ARCHIE GOODWIN
Archie Goodwin nasceu em 8 de setembro de 1937, em Kansas City, no Missouri.
As revistas de terror da EC Comics foram principal inspiração para sua entrada no mundo dos quadrinhos. Mudou-se, portanto, para a Nova Iorque, onde ingressou na School of Visual Arts. Depois do serviço militar, fez trabalhos de ilustração em várias revistas, como a Redbook Magazine e como assistente de Leonard Starr na série Mary Perkins on Stage. Também começou a publicar vários trabalhos como escritor para as revistas Creepy, Eerie e Blazing Combat, todas para a editora Warren. Interessante notar que seus primeiros trabalhos não foram assinados com seu nome, devido a existir uma série detetivesca, chamada Nero Wolfe e escrita por Rex Stout, onde havia um personagem com esse nome.
No começo da década de 60 continuou trabalhando para a Warren Publishing, onde chegou a ser editor-chefe e ajudou a criar as bases para o surgimento de uma clássica vampira dos quadrinhos: Vampirella. Também desenhou a revista Hermit, para a Harvey Comics; escreveu para King Features Syndicate, Marvel Comics e DC Comics (nessa última, chegou a substituir o editor Julius Schwartz na revista Detective Comics, que publicava as histórias do Batman). Fez parceria com vários desenhistas famosos, como Joe Orlando, Gray Morrow e Neal Adams.
De 1967 a 1980, escreveu várias tiras para o Agente Secreto X-9, desenhado por Al Williamson. Nesse segmento, também escreveu as tiras do personagem Captain Kate, com Hale e Jerry Skelly.

Em 1968, substituiu Stan Lee como escritor das histórias do Homem de Ferro. Também foi o substituto de Lee como escritor das aventuras do Quarteto Fantástico, a partir de 1971 e de Roy Thomas nas histórias do Hulk a partir de 1972, ano em que lançou a revista Luke Cage Hero For Hire, onde apresenta o personagem negro a ter uma revista própria com maior duração até hoje. A história de Luke Cage, mostrava o personagem principal sendo condenado injustamente e sujeitado a experimentos que são sabotados por um guarda racista. Tal incidente, no entanto, torna sua pele praticamente invulnerável. Escapando da prisão, Cage usa seu novo poder para ganhar a vida como herói do bairro negro do Harlem. A série era desenhada por George Tuska.
Também escrevia a série do Caçador, desenhada por Walt Simonson, onde apresentava o personagem título em histórias serializadas em poucas páginas, publicadas na revista Detective Comics. Essa série o premiou como melhor escritor em 1973 e 1974 com o Shazam Awards.

Ainda em meados da década de 70, juntamente com Sal Buscema e Jim Mooney, cria a personagem Mulher Aranha. Diferente do que se possa imaginar, não se trata apenas de uma versão feminina do Homem Aranha (da mesma editora, Marvel Comics). Apesar de seu uniforme colorido lembrar seu quase xará, a personagem é a identidade secreta de Jessica Drew, que tinha poderes que não incluiam disparar teias (apesar de, em Homem Aranha, isso ser mais um adereço do que um poder), mas disparar rajadas. Suas histórias tinham um clima mais pesado do que os outros super heróis da editora, na época.
Em 1976 volta a escrever as histórias do Homem de Ferro, em substituição a Bill Mantlo. Nesse mesmo ano, tornou-se editor chefe da Marvel Comics, ocupando o cargo de Gerry Conway. Foi sua a decisão de escolher Terry Austin como arte finalista de John Byrne, quando este desenhou a série dos X-Men, escrita por Chris Claremont. Na verdade, Byrne havia sugerido o finalista Dave Hunt, mas Goodwin não concordou. A escolha de Austin era, de certa forma, arriscada, uma vez que a revista do Punho de Ferro, também produzida pela equipe Claremont / Byrne / Austin, havia acabado de ser cancelada devido as baixas vendas. Mesmo assim, a aposta do editor na equipe mostrou ser certeira, já que a revista dos X-Men dessa época fizeram um sucesso estrondoso, não só dando ao grupo de heróis o início da fama com a qual contam hoje, como os tornaram (heróis e equipe criativa) um dos maiores fenômenos históricos da indústria dos quadrinhos. Goodwin permaneceu no comando das publicações até 1978, quando foi substituído por Jim Shooter.
Foi responsável pelo surgimento das Graphic Novels dentro da Marvel; pela revista Epic Illustrated (que publicava, em forma de quadrinhos, clássicos da literatura) e pelo selo Epic Comics, mudando radicalmente o conceito de direitos autorais dentro de uma grande editora, algo que, segundo Jim Shooter, foi vital para a sobrevivência da Marvel na época. Sua visão editorial era sábia ao ponto de introduzir quadrinhos não-americanos para a língua inglesa. Exemplos que ficaram famosos nesse conceito podem ser creditados a publicação de Akira, de Katsuhiro Otomo e de várias séries produzidas pelo francês Moebius.

Um de seus trabalhos mais reconhecidos foram as adaptações da cinessérie Guerra nas Estrelas para os quadrinhos, em parceria com Al Williamson e Russ Manning. O sucesso não limitou-se apenas a revista mensal de Star Wars, mas as suas tiras com os personagens de George Lucas. Em matéria de adaptações de obras cinematográficas, também utilizou-se do universo criado por filmes como Alien, Blade Runner e Contatos Imediatos do Terceiro Grau.
Em 1989, substituiu Peter David como escritor da série do personagem Wolverine. Já havia trabalhado com o personagem na graphic novel Scorpion Connection (publicada no Brasil como Conexão Scorpio, pela Editora Abril). Nessa graphic, desenhada por Howard Chaykin, onde Wolverine faz parceria como Nick Fury, há fortes elementos de espionagem, em um ritmo muito parecido com as aventuras do Caçador, que escreveu para a DC. Scorpion Connection foi inspiração para que Warren Ellis escrevesse Inimigo do Estado, elogiada saga centrada também em Wolverine.

Retornou para a DC Comics em 1989, onde não só foi o escritor, mas ocupou o cargo de editor. Nesse período, publicou a graphic novel Batman: Gritos na Noite, pintada por Scott Hampton. Também foi responsável por importantes projetos a saga Armageddon 2001, a revista Starman, escrita por James Robinson e a série Batman: O Longo Dia das Bruxas, escrita por Jeph Loep e desenhada por Tim Sale.
Archie Goodwin faleceu em 01 de maio de 1998, deixando um legado não só como famoso escritor de quadrinhos, mas como um editor visionário e sábio admirado por vários profissionais da área e uma inegável herança de mudanças na indústria, que repercutem até os dias de hoje.
Matéria publicada originalmente em:
- O Diário de Tony Stark (formato blog): www.darkmarcos.blogger.com.br
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