MUDANÇAS NOS RUMOS EDITORIAIS DE CONAN
Caro Leitor,
Assim como aconteceu no início de 2006, é com tristeza que inicio 2007 com más notícias para os Discípulos do Aço. Para começar, quero esclarecer que a edição Conan, o Bárbaro 52 ainda não foi lançada em virtude de problemas burocráticos envolvendo a renovação do contrato desse título. Isto não significa que "CB" esteja automaticamente cancelado. Toda a trabalhosa pesquisa e programação de histórias da revista após o encerramento da epopéia de Conan e Bêlit foi elaborada e encaminhada à Conan Properties (e já conseguimos encontrar e importar a maior parte das aventuras programadas), mas os licenciantes não finalizaram sua análise e aprovação. Até o momento, não sabemos o motivo do atraso, algo que nunca havia acontecido. Assim sendo, estamos aguardando um parecer definitivo antes de divulgar o futuro de CB depois que a saga Rainha da Costa Negra terminar.
Explicada a situação do material em preto e branco, passarei ao tópico mais delicado, as aventuras coloridas. Apesar de nossa intenção e vontade de manter todos os quadrinhos de Conan em bancas, lamento informar que, no balanço de final de ano, constatamos de novo que a Comunidade Hiboriana continua abandonando seu herói. CB permanece em situação apertada, mas ao menos nesse caso a Mythos tem autorização para distribuir em Portugal, e os exemplares lá vendidos ajudam a garantir a manutenção do título. Agora, nosso grande problema é o desempenho de Conan, o Cimério. Mesmo sendo uma das melhores revistas em quadrinhos da atualidade, infelizmente ela voltou a perder leitores após o reajuste de preço e a distribuição setorizada que fomos obrigados a adotar em março de 2006. Ambas as medidas foram mandatórias devido ao freqüentes aumentos gráficos, bem como da elevação dos valores pagos pela própria renovação de contrato em 2006. Contudo, essas alterações parecem ter espantado outra parcela de conanmaníacos, de modo que o "Cimério" tornou-se, lastimavelmente, uma publicação deficitária. As vendas nem "empatam" os custos de produção, e o mesmo se repete com a minissérie publicada atualmente, Conan: Os Hinos dos Mortos.
Apesar desse terrível panorama, a Mythos ainda não vai jogar a toalha. Entretanto, a partir deste mês, no número 33 (que marca a estréia de Timothy Truman como roteirista, e tem 32 páginas de quadrinhos em vez das habituais 22), somos obrigados a empregar aquela que deve ser a última opção para tentar salvar a revista. Ou seja, Conan, o Cimério passa a ser impresso em papel Pisa Britte. Com isso, será possível reduzir o custo gráfico e, esperamos, reverter o prejuízo mensal sem reajustar o preço. Desde, logicamente, que uma nova leva de fãs não acabe desertando seu herói por causa da mudança de papel.
Quanto a "Hinos", embora igualmente deficitária, a série está a dois números do final. Então, estamos estudando alternativas, inclusive "morrer no prejuízo", para manter o papel LWC até o fim. Todavia, provavelmente as próximas minisséries do Bárbaro produzidas pela Dark Horse passarão a ser impressas em Pisa Britte. Além disso, devem ser lançadas no Brasil somente após seu encerramento nos Estados Unidos. Nossa estratégia de lançamentos quase simultâneos de séries de curta duração, outra tentativa de atrair leitores além dos que acompanham "CB e Cimério", não vem surtindo efeito. Portanto, é necessário programar com cautela redobrada cada nova publicação, negociando os contratos e orçamentos gráficos com tempo e paciência.
Encadernados: a minissérie que narra a origem de Thoth-Amon, The Book of Thoth, que pretendíamos publicar em março deste ano – em edição única e incluindo uma história inédita de Conan publicada nos EUA no "Dia dos Quadrinhos Grátis" –, ficará no aguardo de um momento melhor, o qual dependerá das vendas de "Cimério" no papel, digamos, menos "nobre". Afinal, se os títulos em cores do Gigante de Bronze estão em grave crise, as perspectivas de um encadernado com cerca de 200 páginas – cujos custos de produção atuais apontariam para um preço em torno de R$ 50,00 em papel LWC ou R$ 35,00 em Pisa Britte – não são nada boas, e a Mythos não poderá mais absorver prejuízos nesta linha de quadrinhos.
O mesmo vale para o encadernado Conan, o Cimério Volume 2. Infelizmente, o "Volume 1" também fracassou, na certa porque o preço espantou o público já escasso do Bárbaro e, como provável fator agravante, tratava-se de uma compilação de histórias ainda recentes demais para serem republicadas. E esse tipo de especial não tem muita chance de ser barateado porque custa muito caro para a própria editora. Logo de saída, é obrigatório pagar novamente a Dark Horse/Conan Properties pelos direitos de qualquer trade paperback – independentemente de já termos pago pelas mesmas histórias na série mensal, e o pagamento adicional é exigido até mesmo para encadernar encalhes. Em seguida, pesam na balança os valores gráficos estratosféricos de edições de acabamento refinado e outros agregados (distribuição, porcentagem do jornaleiro, etc.). Por fim, nem sequer temos a "salvadora" opção de vender parte da tiragem dos quadrinhos Dark Horse em Portugal (alternativa que tentamos propor várias vezes, sendo sempre rejeitada). Em suma, a menos que esse cenário desalentador se altere repentina e radicalmente, uma segunda coletânea com republicações terá de aguardar um prazo indeterminado.
Como tradutor/editor de texto e fã desse fabuloso clássico da literatura e dos quadrinhos que é o Gigante de Bronze, eu gostaria de encerrar esta coluna afirmando que lamento muito a alteração de papel e política editorial que estamos sendo obrigados a adotar como última instância, e espero contar com a sua compreensão.
Um abraço.
Fernando Bertacchini
Editor
Caro Leitor,
Assim como aconteceu no início de 2006, é com tristeza que inicio 2007 com más notícias para os Discípulos do Aço. Para começar, quero esclarecer que a edição Conan, o Bárbaro 52 ainda não foi lançada em virtude de problemas burocráticos envolvendo a renovação do contrato desse título. Isto não significa que "CB" esteja automaticamente cancelado. Toda a trabalhosa pesquisa e programação de histórias da revista após o encerramento da epopéia de Conan e Bêlit foi elaborada e encaminhada à Conan Properties (e já conseguimos encontrar e importar a maior parte das aventuras programadas), mas os licenciantes não finalizaram sua análise e aprovação. Até o momento, não sabemos o motivo do atraso, algo que nunca havia acontecido. Assim sendo, estamos aguardando um parecer definitivo antes de divulgar o futuro de CB depois que a saga Rainha da Costa Negra terminar.
Explicada a situação do material em preto e branco, passarei ao tópico mais delicado, as aventuras coloridas. Apesar de nossa intenção e vontade de manter todos os quadrinhos de Conan em bancas, lamento informar que, no balanço de final de ano, constatamos de novo que a Comunidade Hiboriana continua abandonando seu herói. CB permanece em situação apertada, mas ao menos nesse caso a Mythos tem autorização para distribuir em Portugal, e os exemplares lá vendidos ajudam a garantir a manutenção do título. Agora, nosso grande problema é o desempenho de Conan, o Cimério. Mesmo sendo uma das melhores revistas em quadrinhos da atualidade, infelizmente ela voltou a perder leitores após o reajuste de preço e a distribuição setorizada que fomos obrigados a adotar em março de 2006. Ambas as medidas foram mandatórias devido ao freqüentes aumentos gráficos, bem como da elevação dos valores pagos pela própria renovação de contrato em 2006. Contudo, essas alterações parecem ter espantado outra parcela de conanmaníacos, de modo que o "Cimério" tornou-se, lastimavelmente, uma publicação deficitária. As vendas nem "empatam" os custos de produção, e o mesmo se repete com a minissérie publicada atualmente, Conan: Os Hinos dos Mortos.
Apesar desse terrível panorama, a Mythos ainda não vai jogar a toalha. Entretanto, a partir deste mês, no número 33 (que marca a estréia de Timothy Truman como roteirista, e tem 32 páginas de quadrinhos em vez das habituais 22), somos obrigados a empregar aquela que deve ser a última opção para tentar salvar a revista. Ou seja, Conan, o Cimério passa a ser impresso em papel Pisa Britte. Com isso, será possível reduzir o custo gráfico e, esperamos, reverter o prejuízo mensal sem reajustar o preço. Desde, logicamente, que uma nova leva de fãs não acabe desertando seu herói por causa da mudança de papel.
Quanto a "Hinos", embora igualmente deficitária, a série está a dois números do final. Então, estamos estudando alternativas, inclusive "morrer no prejuízo", para manter o papel LWC até o fim. Todavia, provavelmente as próximas minisséries do Bárbaro produzidas pela Dark Horse passarão a ser impressas em Pisa Britte. Além disso, devem ser lançadas no Brasil somente após seu encerramento nos Estados Unidos. Nossa estratégia de lançamentos quase simultâneos de séries de curta duração, outra tentativa de atrair leitores além dos que acompanham "CB e Cimério", não vem surtindo efeito. Portanto, é necessário programar com cautela redobrada cada nova publicação, negociando os contratos e orçamentos gráficos com tempo e paciência.
Encadernados: a minissérie que narra a origem de Thoth-Amon, The Book of Thoth, que pretendíamos publicar em março deste ano – em edição única e incluindo uma história inédita de Conan publicada nos EUA no "Dia dos Quadrinhos Grátis" –, ficará no aguardo de um momento melhor, o qual dependerá das vendas de "Cimério" no papel, digamos, menos "nobre". Afinal, se os títulos em cores do Gigante de Bronze estão em grave crise, as perspectivas de um encadernado com cerca de 200 páginas – cujos custos de produção atuais apontariam para um preço em torno de R$ 50,00 em papel LWC ou R$ 35,00 em Pisa Britte – não são nada boas, e a Mythos não poderá mais absorver prejuízos nesta linha de quadrinhos.
O mesmo vale para o encadernado Conan, o Cimério Volume 2. Infelizmente, o "Volume 1" também fracassou, na certa porque o preço espantou o público já escasso do Bárbaro e, como provável fator agravante, tratava-se de uma compilação de histórias ainda recentes demais para serem republicadas. E esse tipo de especial não tem muita chance de ser barateado porque custa muito caro para a própria editora. Logo de saída, é obrigatório pagar novamente a Dark Horse/Conan Properties pelos direitos de qualquer trade paperback – independentemente de já termos pago pelas mesmas histórias na série mensal, e o pagamento adicional é exigido até mesmo para encadernar encalhes. Em seguida, pesam na balança os valores gráficos estratosféricos de edições de acabamento refinado e outros agregados (distribuição, porcentagem do jornaleiro, etc.). Por fim, nem sequer temos a "salvadora" opção de vender parte da tiragem dos quadrinhos Dark Horse em Portugal (alternativa que tentamos propor várias vezes, sendo sempre rejeitada). Em suma, a menos que esse cenário desalentador se altere repentina e radicalmente, uma segunda coletânea com republicações terá de aguardar um prazo indeterminado.
Como tradutor/editor de texto e fã desse fabuloso clássico da literatura e dos quadrinhos que é o Gigante de Bronze, eu gostaria de encerrar esta coluna afirmando que lamento muito a alteração de papel e política editorial que estamos sendo obrigados a adotar como última instância, e espero contar com a sua compreensão.
Um abraço.
Fernando Bertacchini
Editor
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