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[LJA Classics] LJA Satélite-Authority x LJA Jurgens (p.4)

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  • [LJA Classics] LJA Satélite-Authority x LJA Jurgens (p.4)

    Há uns 3 anos atrás, em 2005, eu postei no fórum Panini uma série de matérias sobre a Liga da Justiça, intitulada "Histórias da LJA que você nunca ouviu falar". Fiz uma pesquisa supimpa em vários sites e li dezenas de scans para tanto. Mas depois de tantos resets nos fóruns da vida e de um arquivo corrompido do Word, acabei perdendo a minha matéria original.

    Já dava como perdido o negócio, quando o nosso amigo MARCELO TRISTÃO mandou um e-mail para uma lista DC da qual participo procurando o autor para poder citar no seu blog. Depois que me identifiquei, o amigo me mandou a matéria todinha, que ele havia salvo antes dos resets. Ele vai postar alguns desses materiais no BLOG dele, então prestigiem a matéria deste que vos fala e o nosso amigo Tristão. O blog dele sobre a DC é dos melhores do Brasil.

    Então vamos logo aos fatos sobre a principal equipe de heróis dos quadrinhos, a LIGA DA JUSTIÇA:








    [Superman e Batman] "Na capa da revista não, que é pra não estragar o velório!"



    Em 1959 Julius Schwartz lembrou-se do sucesso da SJA fazia 20 anos antes e pensou: "Se funcionou uma vez, vai funcionar de novo!". Propôs à DC a criação de uma revista que reunisse o principais heróis da editora. A aceitação do presidente foi imediata. Os problemas viriam com os editores dos dois grandes da DC, Superman (Mort Weisinger) e Batman (Jack Schiff).

    Na negociação com Schwartz, os editores só liberariam seus personagens para a revista da Liga se os dois não aparecessem nas capas e tivessem participações pequenas nas histórias. Schiff e Weisinger tinham medo dos efeitos destrutivos da super-exposição dos personagens (coisa que os atuais editores esqueceram, infelizmente).

    Um dia o presidente da DC foi perguntar para Julius Schwartz, editor da revista da Liga, porque cargas d'água os dois medalhões da editora não apareciam nas capas de JLA, e se isso não seria bom para aumentar as vendas. Ele contou o acordo que fez com os dois editores, e se assustou com a ira que foi consumindo o rosto do chefão. "Que palhaçada é essa? Eu sou o presidente da DC, não eles!". Depois do acesso de raiva, o presidente fez com que Superman e Batman figurassem nas capas pra ajudar nas vendas.

    Resultado: as vendas quadruplicaram, e Julius Schwartz se consagrou como o criador da Era de Prata.





    [Flash] O primeiro matador da Era de Prata (e o primeiro pegador também)



    No fim dos anos 70, as editoras de quadrinhos americanas perceberam que o público original da Era de Prata crescera e queria materiais mais realistas e adultos. O McCarthismo já diminuíra, e formadores de opinião nos meios de comunicação estimulavam a discussão sobre drogas, sexo, divórcio e outros tabus da época.

    A Marvel praticamente foi precursora desse movimento, mostrando heróis com dilemas humanos e fraquezas. A DC não queria perder o bonde da história, mas ao mesmo tempo estava comprometida com a ala conservadora por causa dos negócios escusos de Harry Donnenfeld, um dos fundadores da DC. Ele transportava para a máfia americana bebidas, fumo e outros artigos nos caminhões que traziam do Canadá os papéis nos quais imprimia suas revistas.

    Essa relação com a máfia vinha desde a lei seca, e mesmo quando interrompeu os carregamentos Donnenfeld ainda mantinha relações minimamente cordiais com os mafiosos, pois não queria cair na lista negra de Frank Costello, o principal chefão criminoso de então. Por esse motivo, Donnenfeld sempre fazia de tudo para manter seu negócio longe da vista negra da crítica moralista, para que sua ligação passada com a máfia não lhe rendesse problemas.

    Para chegar num meio termo, a editora estabelece que não abriria mão de manter seus heróis como exemplos de superação e virtude, mas também não faria deles anti-heróis de caráter ambíguo, como o Justiceiro da Marvel. A nova fase da editora mostraria todo o idealismo sonhador da era de Ouro aliado à abordagens mais humanas de cada personagem. Arqueiro Verde, Gavião Negro, todos foram sendo pouco a pouco contagiados pelo clima do realismo. Mas o personagem DC mais afetado pela "marvelização" do mercado de quadrinhos seria o FLASH.

    Um personagem com a capacidade de se mover mais rápido do que qualquer um na terra tendia a ter história forçadas e sem ameaças ou dramas reais. Para rivalizar com Barry e dar um conflito real para um velocista, a DC cria um inimigo com poderes idênticos, o Professor Zoom (ou Flash Reverso). Vendo o retorno positivo dos leitores, a cúpula editorial da DC decide ir mais longe: esse mesmo inimigo assassinaria a esposa do herói, coisa rara nos quadrinhos. Barry passa por um tempo de luto e após um tempo tenta reconstruir sua vida e fica noivo de Fiona Webb. Mas como ex-mulher e arquinimigo são pra vida toda, Zoom aparece no dia do casamento de Barry e Fiona para matar mais uma esposa do Flash.



    Numa atitude impulsiva, Barry mata o Prof. Zoom ali mesmo e se torna o primeiro herói DC pós-Era de Prata a tirar a vida de um inimigo. A editora proibia heróis de matarem a sangue frio desde 1940, pois na época os jornais e meios de comunicação começaram a criticar as posturas assassinas de sucessos de venda como Batman e Superman. O chefão da DC Harry Donnenfeld, desde aquela época já estava interessado em manter sua editora longe dos olhos dos censores e jornalistas. Quanto menos motivo para cavarem, melhor. A regra heróica da DC "herói não mata" surgiu não por idealismo, mas por causa de um empresário com muito medo de ir para a cadeia.

    Os editores da DC sabiam que mostrar um herói matando atrairia os fãs, mas ao mesmo tempo despertaria o ódio da polícia moral americana nos quadrinhos, o Comic Code Authority. Para fazer uma média com o órgão regulamentador das HQs sem mudar a história criada pelo roteirista Cary Bates, os editores resolvem levar Barry a julgamento popular para mostrar que tirar uma vida traz consequências graves, e assim apaziguar a ira dos velhinhos censores.

    Nos meses em que o julgamento se arrastou, Barry inicia um caso quentíssimo com Zatanna não na sua revista mensal, mas nas páginas da revista da LJA. Por causa do pudor da época, a cena de sexo dos dois em pleno satélite foi publicada no melhor estilo "imaginem o resto", com a comida que Barry preparava para Zatanna queimando no fogão.



    A Liga Satélite tinha bastante conteúdo adulto subentendido, para passar pelo crivo dos censores. A cena de amor entre Barry e Zatanna ocorreu apenas na mente dos leitores, apesar de todas as deixas e entrelinhas. A grande virtude de Brad Meltzer em sua mini-série Crise de Identidade é reproduzir o mesmo clima adulto da época da Liga Satélite, mas sem esconder nada ou subentender.

    Pouco tempo depois Barry foi à julgamento popular pelo assassinato do Prof. Zoom, e a LJA foi pressionada pela população a realizarem uma votação entre os heróis para expulsarem Barry da LJA. A votação foi apertada, com vitória para a permanência de Barry, mas logo depois ele foi para o futuro e depois voltou ao presente apenas para salvar o mundo em Crise nas Infinitas Terras.






    [Eléktron] A Primeira Lobotomia da LJA!



    Em Justice League of America #14, a LJA vota a favor da admissão de um novo integrante, ELÉKTRON. Depois da votação, no entanto, nenhum deles consegue se lembrar de ter feito isso. O mistério aponta para um vilão, o SENHOR MEMÓRIA. Depois de muitos catiripapos trocados, a LJA descobre que o vilão era nada menos do que o BATMAN!



    Todos ficaram chocados, mas a Ajax percebe que estão sendo filmados. Ele usa sua ajax-visão (acredite, é sério) para determinar onde estava a central que recebia as imagens, e descobre que o verdadeiro Senhor Memória era o professor Amos Fortune, antigo inimigo da LJA e mente criminosa brilhante, como todos os grandes vilões megalomaníacos da DC de então, como Luthor, Hammonds e Silvana.

    Descobre-se então que o Morcego teve sua memória apagada pelo verdadeiro Senhor Memória. Depois de resolvido o caso, a memória de todos os componentes da Liga é restaurada, e Eléktron entra oficialmente para a equipe. Ou seja, Brad Meltzer fez uma boa pesquisa para fazer Crise de Identidade, mantendo Eléktron no meio de uma trama que novamente mexia com lobotomia, assim como na sua entrada na LJA.



    [Canário Negro] Mãe Dinah, Filha Dinah e uma história mais complicada que a do Gavião Negro!

    Em 1969 Denny O'Neill assumiu a revista da Liga, disposto a mostrar serviço em seu primeiro grande título. Em suas primeiras histórias ele decide mexer nas estruturas da equipe, dando mais atitude ao Arqueiro Verde e mantando o marido da Canário Negro, o detetive LARRY LANCE. Larry morre para proteger sua esposa DINAH da ameaça alienígena AQUARIUS. A Canário Negor, que morava na Terra-2 e participava da Sociedade da Justiça, decide começar vida nova na Terra-1, para esquecer a perda trágica do marido. É a primeira vez nos quadrinhos em que um personagem de uma terra paralela migra de vez para outra terra.

    Superman a convida para compor a LJA, mas o sempre intransigente Gavião Negro argumenta que é um risco trazer mais um componente sem poderes de verdade (os outros eram Batman e Arqueiro). Começa um debate acalorado para decidir se ela entra para equipe ou não. Irritada, Canário dá um "piti", e solta um grito de raiva. Para surpresa dela e de todos, sua voz agora era uma rajada sônica poderosa, que derrubou todos os heróis presentes, até mesmo o Superman. No fim da história descobrimos que ela ganhou tais poderes ao ser exposta pela radiação alienígena gerada pelo vilão Aquarius.



    O tempo passou, e chegamos ao ano de 1983. A Dinah Lance que participou da SJA em 1949 continuava jovem, após anos de combate. Os leitores da DC mandavam centenas de carta perguntando como a DC explicava a eterna juventude de Dinah, que teria nascido quase 20 anos antes de todos os componentes da Liga e parecia até mais nova que Superman e Batman.

    A DC tenta resolver o problema cronológico com um retcon absurdo na origem da Canário. Em JLA #220 é revelado que Larry e Dinah Lance tiveram uma filha que recebeu a maldição do grito supersônico do antigo inimigo da SJA, o Mago. Os pais não davam conta dos faniquitos destrutivos da menina, e os estragos eram cada vez maiores. É quando TROVÃO, um gênio da quinta dimensão que era amigo do casal (e hoje está na caneta do Jakeem Trovoada na SJA), entra em cena e esconde a pimpolha num limbo, apagando todas as suas memórias.

    Pelo retcon, a morte de Larry acontece de forma diferente. O casal Lance enfrenta agora o alien Aquarius (e não o Mago, como na versão original), e no fim da história Larry dá sua vida para salvar a esposa, assim como na versão original do Denny O'Neill. Uma outra mudança feita pelo retcon é que Dinah teria se ferido mortalmente, sem chances de sobrevivência. Lembrando da filha da Canário escondida no limbo anos antes, Trovão decide trocar a "Mãe Dinah" de lugar com a "Filha Dinah", deixando a Canário Negro original num estado de animação suspensa no limbo em que a filha passou toda sua vida. No processo, as duas trocam de memórias, e a filha de Dinah sai do limbo achando que é a própria mãe!




    Depois de anos achando que era a "Mãe Dinah" ela descobre que é na verdade a "Filha Dinah", por conta do retcon de 1983. Uma saída digna de novela mexicana! Antes do retcon a Canário já havia se acostumado com a viuvez e estava aceitando as investidas do Arqueiro Verde. Após o retcon, nada mudou no relacionamento do casal, já que o Arqueiro sempre teria namorado com a Dinah-filha.



    A origem retconeada e trubcada da Canário foi um dos motivos da Crise nas Infinitas Terras da DC. A origem atual dela é bem mais simples: sua mãe fez parte da SJA, ela é membro fundadora e atual líder da LJA, e honra o legado da mãe como membro reserva da SJA.




    [DC versus MARVEL] Até na DC o Homem-Aranha só apanha!

    A LJA é convocada pelo Vingador Fantasma para lutar contra entidades profanas que surgiram na cidade de Rutland (cidade real, no estado de Vermont). Félix Fausto é o vilão por trás das entidades, e entre os monstrengos fantasiados para o Halloween que infestavam a cidade, estavam vários heróis de outras editoras, inclusive um Homem-Aranha pra lá de obeso!

    Nesse primeiro crossover "extra-oficial" entre Marvel e DC, o Aranha toma mil chapuletadas de Batman e Lanterna Verde, que vencem o confronto com facilidade. Uma alfinetada da DC na concorrente, que começava a ganhar terreno no mercado americano.


    A luta contra as entidades continua, e toda a LJA é posta em coma induzido por Fausto. Porém o Vingador Fantasma surge e derrota o vilão, libertando a Liga do coma e restaurando a tranquilidade na cidade. Os justiceiros o convidam para a equipe, e sua resposta é enigmática, como condiz ao personagem. Sem dizer nem "sim" nem "não", ele apenas some nas sombras, e nas aparições seguintes do Vingador na revista da LJA ele se considera membro da Liga, e convoca a equipe de tempos em tempos para missões sobrenaturais. Um dos primeiros casos de integrante-esporádico em equipes.









    [ZATANNA] O início das falas invertidas e do troca-troca de uniforme



    Zatanna surgiu como mais uma recriação de Julius Schwarz de personagem da Era de Ouro na Era de Prata. Schwarz via que o mago Zatara era sempre comparado desfavoravelmente com o mago Mandrake, e decidiu investir num novo tipo de reinvenção: em vez de criar um novo personagem com outro alter ego (como fez com o Lanterna Verde e o Flash), ele faria o primeiro legado heróico direto da DC.

    Zatara passara seu bastão heróico para sua filha, Zatanna, que herdaria uma versão feminina do uniforme do pai. A calça quadriculada do pai vira uma meia-arrastão sensualíssima nas pernas da filha, que estréia na revista HAWKMAN, e aos poucos vai aparecendo em várias revistas da DC, até chegar ao papel de pivô de um arco inteiro da revista da Liga. No fim da aventura, Zatanna não recebe um convite oficial para se unir à equipe. Porém o público simpatiza bastante com a maga que profere feitiços falando as palavras ao contrário. Vários leitores escrevem para a DC dizendo que adoravam o desafio de ler os feitiços de Zatanna ao contrário.

    Meses depois Zatanna volta às histórias da LJA, agora para ficar. A equipe decide procurar um novo membro para aumentar seu poder, e entere os selecionáveis surge o nome de Zatanna, lembrada como aliada confiável. Ela é rapidamente eleita pelos heróis e convocada para assumir o posto, mas diz de forma agressiva que não quer nada da Liga. Para surpresa da LJA, ela aparece com uniforme novo e evocando encantos com frases na ordem normal. "Eu não preciso da Liga, nem do anel do Lanterna Verde!", diz a Bruxinha, enquanto põe fogo em tudo à sua volta!



    Eléktron percebe que tudo o que ela diz significa justamente o contrário. Afinal, Zatanna é sinônimo de tudo invertido! Ou seja, o que ela queria dizer é que precisava da Liga e queria o anel de Hal Jordan pra si!

    No correr da história, a Liga descobre que o Feiticeiro de Ys está dominando Zatanna para tomar o anel do Lanterna. Hal consegue vencer o Feiticeiro e salva Zatanna, que é novamente convidada para se juntar à Liga e dessa vez aceita o convite.



    Até então os leitores não haviam entendido o porquê do novo visual de Zatanna (colante preto com decote circular entre os seios, rabo de cavalo e capa vermelha). Mas fica claro que é uma homenagem ao traje de sua mãe, Sindella. E é a busca de Zatanna por sua mãe que ocupará os prócimos arcos da LJA.

    Na aventura seguinte, ela e seu pai Zatara partem em busca de Sindella, mãe de Zatanna. Ao contrário do que sempre pensavam, Sindella estava viva entre os Homo Magi, uma raça variante dos Homo Sapiens especializada em feitiçaria que vivia na Turquia. Zatara e Sindella eram descendentes dos Homo Magi, e com isso pode-se dizer que Zatanna é de origem turca.

    Os Homo Magi se mantinham escondidos do mundo exterior, e Sindella havia simulado sua morte e voltado para a Turquia anos antes para evitar que os Homo Magi sequestrassem Zatanna e a obrigassem a viver uma vida de ocultimos dedicado ao mal. Quando pai e filha descobrem que Sindella está viva, vão com a LJA para a terra dos feiticeiros turcos tentar resgatá-la, mas magia sempre foi uma força que heróis como Superman e Batman não consegurem suplantar. Vendo que sua filha e os heróis poderiam morrer, Sindella se sacrifica e destrói seu próprio povo, os Homo Magi, permitindo que sua família e os heróis voltem para a América com vida.

    Zatanna decide mudar de uniforme para esquecer a morte da mãe e começar vida nova. É quando surge o uniforme azul com botas de cano altíssimo que ela usaria na fase Conway/Pérez, e que marcaria toda uma geração de leitores.

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    Liga Detroit
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    Liga Morrison
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    Liga Giffen
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    Liga Meltzer
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  • #2
    Ainda bem que eu existo numa época bem melhor das histórias em quadrinhos.
    Amigos, confiram SUPER-EGO, a história de um psicólogo de super-heróis escrita e desenhada por mim, toda segunda no http://www.sequentialink.com/?comic=super-ego-page-1.

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    • #3
      Que nada!! Essa fase inicial da Liga e mais a fase satélite são muito legais!!!
      Paz e amor...só tranquilidade.

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      • #4
        Ótima matéria.

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        • #5
          Postado originalmente por Aníbal
          Que nada!! Essa fase inicial da Liga e mais a fase satélite são muito legais!!!
          Olha a merda que os caras fizeram na origem da Canário! Pra que isso??? Eu tenho ver a coisa de cima, um leitor casual que pega uma revista dessas e tenta entender que diabos tá acontecendo fica totalmente perdido!

          Os caras perdiam mais tempo metendo os pés pelas mãos com histórias assim, que escrevendo histórias simples, divertidas, que funcionassem pra qualquer um.

          Crise nas Infinitas Terras noz fez um favor. Pena que acabou.
          Amigos, confiram SUPER-EGO, a história de um psicólogo de super-heróis escrita e desenhada por mim, toda segunda no http://www.sequentialink.com/?comic=super-ego-page-1.

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          • #6
            excelentes matérias, Stanislaw Ponte Preta. Tópicos assim me fazem entrar no MBB há anos.

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            • #7
              Pô, coisas bem legais, incluindo essa do Flash com a Zatanna.
              THE TRUTH IS STILL OUT THERE...

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              • #8
                Continuação:

                [NUCLEAR] Gerry Conway cria seu próprio Peter Parker na DC após sair da Marvel

                Conway chegou na DC depois de uma longa temporada na Marvel, onde escreveu por vários anos as histórias do Homem-Aranha. Quando chegou na nova casa, Conway ainda tinha várias histórias estilo "Peter Parker" para contar, mas logo percebeu que na DC da época não havia um personagem com a mesma identificação junto ao público jovem como o Homem-Aranha. Mesmo os sidekicks da DC já estavam há tanto tempo na vida heróica que eram sabe-tudos da rotina vigilante.

                Foi quando ele decide mesclar o que ele via de melhor no Aranha (um jovem normal com quem os leitores de HQs poderiam se identificar) com o melhor da DC (mentores e figuras paternas passando responsabilidade e um legado para a frente). Surgia então NUCLEAR, o primeiro protótipo de "Peter Parker" da DC, já que teríamos ainda Kyle Rayner, Tim Drake e outras aplicações da fórmula adolescente-herói.

                O criador do Cabelo de Fogo, Gerry Conway, usou o velho clichê de bombas que ao invés de matar dão poderes. Na explosão, o Dr. Martin Stein e o seu aluno Ronnie Raymond fundem-se num só ser, o Nuclear. Os leitores descobrem que Ronnie comanda o corpo e o Dr. Stein apenas age como uma "consciência" do garotão inexperiente.




                O visual do Nuclear era diferente para o padrão DC da época: mangas bufantes, olhos vazados, elmo na cabeça estilo Kirby que jorrava fogo (cortesia do desenhista Al Migron). Praticamente era um personagem Marvel na DC, justamente na época em que o Homem-Aranha se consolidava como grande sensação entre os leitores de HQs. Entrava constantemente em conflitos sobre como usar os poderes com a outra metade do Nuclear, Prof. Stein; tinha problemas no namoro, dificuldades financeiras e tudo o mais que reza a cartilha do herói Marvel.



                No entanto, a entrada do Nuclear na LJA em Justice League of America #180 foi uma surpresa para a maioria dos leitores. No fim dos anos 70 ele era apenas mais um novo pesonagem DC que tentava a sorte na "cidade grande". O conceito era original: duas pessoas que dividiam corpo e consciência ao tornarem-se um super-herói. Mas chega 1978 e a DC se vê obrigada a cancelar grande parte dos seus títulos mensais tradicionais e novos personagens na chamada IMPLOSÃO DC.

                Os editores avisam Gerry Conway que o cancelamento da revista do Nuclear aconteceria em dois meses. Conway escrevia na mesma época um título de sucesso que não estava nem perto de ser cancelado: a LIGA DA JUSTIÇA. Num ato desesperado, Conway introduz Nuclear na LJA e faz de tudo para que ele se torne um dos personagens de maior destaque da equipe, ocupando grande parte das histórias com a adaptação da equipe ao novo integrante e às suas imaturidades de jovem herói.

                A iniciativa deu certo: Nuclear teve seu gibi cancelado na Implosão DC, mas ganhou histórias mensais curtas no fim da revista do FLASH, por conta do seu sucesso entre os leitores de LJA. Um ano depois, sua popularidade era tanta que ganhou um novo título mensal, THE FURY OF FIRESTORM, ultrapassando 100 edições.

                Uma bonita história de sacrifício e persistência de um escritor por seu personagem.



                A primeira missão de treinamento do Nuclear na LJA não é digna de muita nota, já que ele enfrenta uma supermodelo-feiticeira-demônio que sequestra vários amigos para criar um exército de demônios embalados por música disco. A vitória dos heróis é relativamente fácil, mas os leitores logo percebem que esse herói extremamente poderoso e ao mesmo tempo inexperiente fez muito bem à revista.

                Com o sucesso que os adolescentes de X-Men faziam no início dos anos 80, o processo de aprendizado de Ronnie criava uma enorme identificação com o público adolescente. E pela primeira vez os heróis da LJA assumem o papel de MENTORES e PROFESSORES. Ao criarem uma segunda geração de heróis que seria mentoreada pelos medalhões da DC, Conway e cia começavam a pesar os anos nas costas dos heróis, o que levaria à tática editorial de "eterna juventude" de Batman, Superman e outros heróis.

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                • #9
                  Muito foda essa trajetória do Nuclear! O Conway foi um nepotista escroto e esperto e botou o filho dele na LJA! Muito bom!

                  Parabéns pela matéria.
                  Amigos, confiram SUPER-EGO, a história de um psicólogo de super-heróis escrita e desenhada por mim, toda segunda no http://www.sequentialink.com/?comic=super-ego-page-1.

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                  • #10
                    Postado originalmente por Zed
                    Postado originalmente por Aníbal
                    Que nada!! Essa fase inicial da Liga e mais a fase satélite são muito legais!!!
                    Olha a merda que os caras fizeram na origem da Canário! Pra que isso??? Eu tenho ver a coisa de cima, um leitor casual que pega uma revista dessas e tenta entender que diabos tá acontecendo fica totalmente perdido!

                    Os caras perdiam mais tempo metendo os pés pelas mãos com histórias assim, que escrevendo histórias simples, divertidas, que funcionassem pra qualquer um.

                    Crise nas Infinitas Terras noz fez um favor. Pena que acabou.
                    Zed, pra cada origem pré-crise complicada que a Crise simplificou, eu te dou cinco que eram simples e a Crise complicou.

                    Topa brincar?

                    Comment


                    • #11
                      Zed= Flufly RIGHT!
                      Dizer que o Homem Arrombado de Tobaté e Hulkboy são a mesma pessoa é uma tremenda burrice, são duas pessoas diferentes ,mas ambos são duas merdas!

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                      • #12
                        [Arqueiro Verde] Denny O'Neill transforma um Batman genérico em um personagem único

                        Oliver Queen o Arqueiro Verde, foi recrutado pela Liga em JLA #4 (1961), mas apesar do alarde feito nas chamadas de capa, ele ainda era apenas "mais um". Diz-se no meio editorial que ele foi parar na equipe para suprir a falta de um vigilante mais urbano, já que era difícil contar com o Batman nas primeiras histórias da LJA, pela proibição dos bat-editores.

                        Depois de anos sendo um mero coadjuvante dispensável na equipe, chega ao fim a era Gardner Fox na revista da Liga. A DC decide colocar o jovem e promissor roteirista Denny O'Neill para revitalizar a equipe. Os tempos eram de competição acirrada. Martin Goodman, fundador da Timely/Marvel, conseguira de um jovem Stan Lee duas equipes que rivalizavam em vendas com o sucesso da Liga da Justiça: Quarteto Fantástico e Vingadores. As vendas das duas equipes Marvel cresciam a cada mês, enquanto a revista da LJA lentamente ia perdendo leitores.



                        O então garoto O'Neill resolve radicalizar já nas primeiras edições, dando bastante atitude para o antes apagado Arqueiro Verde. Ollie se torna o liberal esquerdista da equipe, sempre levando a equipe a pensar nas consenquências de suas ações para o homem comum.

                        As HQs ainda amargavam as censuras do McCarthismo, mas os leitores adoraram a iniciativa. O politizado Arqueiro foi um dos principais responsáveis pelo aumento de vendas da revista. Ele ainda ostentava o visual clássico, com roupa de Robin Hood e luvas vermelhas. Quando o desenhista Neal Adams, a pedido de O'Neill, cria um novo uniforme e lhe dá um cavanhaque, os garotos encontram no Arqueiro um novo referencial de rebeldia heróica.



                        Ao ver que seu novo Arqueiro se tornara a sensação da equipe, Denny O'Neill arquiteta a primeira reviravolta de longo prazo dos quadrinhos de heróis. Ele faria a principal atração da revista, o Arqueiro, sair do título temporariamente, deixaria os leitores ansiosos pela sua volta enquanto ele desenvolveria as personalidade de outros personagens, para então tirar da cartola uma volta monumental do personagem. Essa estratégia seria usada à exaustão nos anos 90, com as mortes, amputações e substituições dos principais heróis DC.

                        Na história, Ollie se sente rejeitado pela LJA por ver que eles não concordam totalmente com sua ideologia política, e deixa a equipe. A saída do Arqueira causou um rebuliço nos fãs, como era esperado, e O'Neill deixou o personagem fora da equipe (mas não das histórias) por um ano e meio. Quando Ollie volta à LJA, o pedido por uma mensal só dele já era constante nas sessões de cartas das revistas DC.

                        A estratégia de Denny O'Neill foi um sucesso e levantou as vendas da revista, mas também causou um enorme impasse na DC. No início dos anos 70 havia uma norma editorial vigente que não permitia a criação a torto e a direito de títulos de personagens de segundo escalão, por receio de prejuízos financeiros.



                        Para atender os pedidos de milhares de leitores, a DC resolve colocar o Arqueiro na revista de um herói cujo título andava mal das pernas: o Lanterna Verde. Como agora os dois formavam uma dupla heróica, a revista passou a se chamar GREEN LANTERN/GREEN ARROW, e a missão de fazer a dupla dar certo foi dada ao roteirista Mike Grell. As vendas e a repercussão da revista foram muito boas, mas bem aquém do que a editora esperava que a entrada do Arqueiro iria causar. A DC percebe que o segredo não estava apenas em trazer o Arqueiro para a revista, mas também o homem que o recriou na LJA, Denny O'Neill.

                        O resto é história: GREEN ARROW/ GREEN LANTERN não só foi um dos maiores sucessos de vendas da DC naquela década, como foi também pioneiro na abordagem de temas sociais delicados como injustiça social, mendicância e drogas. É considerado um marco na história dos quadrinhos modernos.

                        Tudo porque um roteirista aspirante olhou para um personagem apagado e não viu apenas limitações, mas possibilidades.

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                        • #13
                          Excelente texto!

                          É incrível a bagunça que faziam (e ainda fazem) com a história e cronologia de alguns personagens, vide a Canário Negro.

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                          • #14
                            Bacana os textos, parabéns...
                            Interessante ver quantas decisões eram tomadas (e ainda são, pelas duas editoras) para conter e combater a concorrência.
                            Fala Bandana
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                            • #15
                              Bacana, é grande mas lendo uns dois posts por dia espero terminar antes que o tópico caia!

                              Muito legais as curiosidades das políticas editoriais!

                              E tenho considerável admiração por essas idéias bem viajadas e sem noção com a dessa primeira capa do Flash e da Mulher Maravilha virando galhos ! Algo bem morrisoniano mesmo!

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