Resenha do Omelete:
”Ed Brubaker é o escritor de HQ mais premiado da atualidade. Este ano ele ganhou os prêmios Eisner e Harvey como "melhor escritor"; tem sua nova série policial, Criminal, em destaque fora da mídia especializada em quadrinhos; e é elogiado até quando escreve uma HQ extremamente comercial, como a morte do Capitão América.
Mas essa resenha não é sobre Ed Brubaker. Quando perguntam a Brubaker o que ele lê, a primeira resposta é: Scalped, de Jason Aaron.
A série da Vertigo vende-se como uma "Família Soprano indígena". Em uma reserva de índios Sioux na Dakota do Norte, uma das regiões mais pobres dos EUA, tudo é controlado pelo cacique Lincoln Red Crow, dono do cassino que move a economia e o crime local. Dashiell Bad Horse, um jovem agente do FBI que deixou a reserva quando era adolescente e prometeu nunca voltar, torna-se operativo infiltrado para desbaratar as operações de Red Crow. E tem que lidar com o que deixou para trás, como família, amores e a própria herança indígena que nega.
Se fosse uma série da HBO, como Sopranos, Scalped faria bonito. A primeira coisa que chama atenção é a violência, bem como os diálogos que fariam Garth Ennis corar. Mas isso é só o recheio para uma história complexa sobre família e identidade. Aaron sabe orquestrar a história para fazer você sentir quando Dashiell percebe que ainda ama a reserva que sempre odiou. O trabalho com os personagens é um dos melhores nas HQs atuais.
Porém, como quase sempre acontece na Vertigo, os desenhos deixam a desejar. O iugoslavo R.M. Guéra sabe que tem que dar um estilo sujo às páginas, para entrar no espírito criminoso da série. Mas não tão sujo a ponto de você não conseguir entender o que está acontencendo nem reconhecer os personagens, o que demanda um certo esforço do leitor. O que falta é um editor com pulso firme para coordenar a parte artística da série. Nos roteiros, Scalped é uma das melhores HQs a surgir nos últimos tempos.“

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Acabei de ler o primeiro TP ”Indian Country” e gostei bastante.
Pra começar, não existem uniformes coloridos ou superpoderes. A trama é a mais realista possível. Esqueçam também este papo de ”Família Soprano Indígena”. Apesar dos personagens serem bem construídos, ninguém tem o carisma de Tony Soprano. Mas é justamente por não ser uma “Família Soprano” que a série é original e muito legal.
A história é passada dentro da reserva indígena de Prairie Rose, contaminada pelas doenças da civilização branca, como prostituição, tráfico de escravos, drogas, bebidas, cassino e a própria política do homem branco. O vilão Red Crow é incrivelmente filho-da-puta, ficou rico graças ao sofrimento dos outros índios, comanda o Cassino e todos os negócios lucrativos da reserva, é o comandante político de seu povo e tem o sheriff e a polícia em seu bolso. O cara é praticamente intocável.
O personagem principal, e herói da série, Dashiel Bad Horse é um ótimo personagem. Ele é bom de porrada e tem um nunchaku, mas sua força para por aí. Ele volta para casa, como um agente infiltrado, mas como ninguém sabe disso, ele é visto como um zé-roela covarde e que renega suas raízes. E ele tem muito disso mesmo. Sua mãe tem vergonha dele, ninguém o respeita e ele precisa assumir suas raízes indígenas para poder se integrar ao local e realizar seu trabalho, bem como fazer as pazes consigo mesmo. Esse conflito o faz fraquejar em alguns momentos, mas ele não é um agente especial do FBI à toa e podemos perceber na história que ele tem seus méritos.
Os desenhos realmente poderiam ser melhores. O trabalho do Guéra é muito escuro, sujo e, às vezes, é meio complicado reconhecer os personagens. Mas está longe de ser ruim.
Recentemente, Jason Aaron, foi o novo contratado como exclusivo da Marvel. Aaron será o roteirista oficial das séries de Wolverine e Motoqueiro Fantasma a partir deste início de 2008 nos EUA. Mas o contrato de exclusividade, porém, faz exceção para Scalped, que ele continuará escrevendo para a Vertigo.
”Ed Brubaker é o escritor de HQ mais premiado da atualidade. Este ano ele ganhou os prêmios Eisner e Harvey como "melhor escritor"; tem sua nova série policial, Criminal, em destaque fora da mídia especializada em quadrinhos; e é elogiado até quando escreve uma HQ extremamente comercial, como a morte do Capitão América.
Mas essa resenha não é sobre Ed Brubaker. Quando perguntam a Brubaker o que ele lê, a primeira resposta é: Scalped, de Jason Aaron.
A série da Vertigo vende-se como uma "Família Soprano indígena". Em uma reserva de índios Sioux na Dakota do Norte, uma das regiões mais pobres dos EUA, tudo é controlado pelo cacique Lincoln Red Crow, dono do cassino que move a economia e o crime local. Dashiell Bad Horse, um jovem agente do FBI que deixou a reserva quando era adolescente e prometeu nunca voltar, torna-se operativo infiltrado para desbaratar as operações de Red Crow. E tem que lidar com o que deixou para trás, como família, amores e a própria herança indígena que nega.
Se fosse uma série da HBO, como Sopranos, Scalped faria bonito. A primeira coisa que chama atenção é a violência, bem como os diálogos que fariam Garth Ennis corar. Mas isso é só o recheio para uma história complexa sobre família e identidade. Aaron sabe orquestrar a história para fazer você sentir quando Dashiell percebe que ainda ama a reserva que sempre odiou. O trabalho com os personagens é um dos melhores nas HQs atuais.
Porém, como quase sempre acontece na Vertigo, os desenhos deixam a desejar. O iugoslavo R.M. Guéra sabe que tem que dar um estilo sujo às páginas, para entrar no espírito criminoso da série. Mas não tão sujo a ponto de você não conseguir entender o que está acontencendo nem reconhecer os personagens, o que demanda um certo esforço do leitor. O que falta é um editor com pulso firme para coordenar a parte artística da série. Nos roteiros, Scalped é uma das melhores HQs a surgir nos últimos tempos.“





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Acabei de ler o primeiro TP ”Indian Country” e gostei bastante.
Pra começar, não existem uniformes coloridos ou superpoderes. A trama é a mais realista possível. Esqueçam também este papo de ”Família Soprano Indígena”. Apesar dos personagens serem bem construídos, ninguém tem o carisma de Tony Soprano. Mas é justamente por não ser uma “Família Soprano” que a série é original e muito legal.
A história é passada dentro da reserva indígena de Prairie Rose, contaminada pelas doenças da civilização branca, como prostituição, tráfico de escravos, drogas, bebidas, cassino e a própria política do homem branco. O vilão Red Crow é incrivelmente filho-da-puta, ficou rico graças ao sofrimento dos outros índios, comanda o Cassino e todos os negócios lucrativos da reserva, é o comandante político de seu povo e tem o sheriff e a polícia em seu bolso. O cara é praticamente intocável.
O personagem principal, e herói da série, Dashiel Bad Horse é um ótimo personagem. Ele é bom de porrada e tem um nunchaku, mas sua força para por aí. Ele volta para casa, como um agente infiltrado, mas como ninguém sabe disso, ele é visto como um zé-roela covarde e que renega suas raízes. E ele tem muito disso mesmo. Sua mãe tem vergonha dele, ninguém o respeita e ele precisa assumir suas raízes indígenas para poder se integrar ao local e realizar seu trabalho, bem como fazer as pazes consigo mesmo. Esse conflito o faz fraquejar em alguns momentos, mas ele não é um agente especial do FBI à toa e podemos perceber na história que ele tem seus méritos.
Os desenhos realmente poderiam ser melhores. O trabalho do Guéra é muito escuro, sujo e, às vezes, é meio complicado reconhecer os personagens. Mas está longe de ser ruim.
Recentemente, Jason Aaron, foi o novo contratado como exclusivo da Marvel. Aaron será o roteirista oficial das séries de Wolverine e Motoqueiro Fantasma a partir deste início de 2008 nos EUA. Mas o contrato de exclusividade, porém, faz exceção para Scalped, que ele continuará escrevendo para a Vertigo.
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