Esse pequeno conto foi parte de uma brincadeira, em que a proposta era fazer o Agente Americano derrotar o Batman numa luta limpa.
Um Agente Americano em Gotham.
Gotham City – Hoje – 23:00
John Walker adentrou no Shreck Palace Hotel. Depositou sua bagagem em cima do cômodo e retirou da pequena mala alguns poucos objetos. De notável, apenas um escudo reluzente e um uniforme rubro-negro. Walker sentou-se na cama, sereno. Ainda havia tempo. Ele estava receoso. Ouvira muitas coisas a respeito do Batman. Ele é humano? Ele pode ser ferido? As informações eram desencontradas. Se metade do que dizem for verdade...Walker deitou-se na cama. Ainda havia tempo.
Ainda há tempo... Tempo...
Metrópolis – Torre da Lexcorp – 1:00 - 2 Dias Atrás
O homem conhecido como Agente Americano estava em pé, de frente para a grande janela com vista panorâmica da bela Cidade do Amanhã.
- Senhor Presidente, acredito que o senhor deve ter ótimas razões para solicitar meus serviços, mas gostaria de mais detalhes a respeito do que estou me envolvendo.
Lex Luthor estava sentado no sofá. Serviu-se de uma dose de uísque. On the rocks.
- Está servido?
- Não, senhor. Muito obrigado.
- Muito bem. Como você deve saber, aquele homem pode, a qualquer momento, tornar-se um risco à segurança nacional e, em conseqüência, um risco a todo o planeta.
- Estamos falando do Super-Homem, senhor. Ele pode ser um idiota idealista, com o perdão da palavra, mas ainda é o melhor do mundo.
- Não, ele não é. Ele é um alien com delírios messiânicos que concentra poder demais em uma mente limitada demais. Se ele decidir tomar o planeta em suas mãos, nem a LJA , muito menos os Vingadores seriam capazes de pará-lo – Luthor serve-se de um gole de uísque - Recentemente uma meretriz de quinta categoria conhecida como Pamela Isley o dominou facilmente. Facilmente, Walker. Nós temos tipos como Despero, Mestre Mental, Brainiac, Emma Frost e Dominus soltos por aí. Diga Walker, você quer todo este poder fora de controle?
- E o que o senhor pretende que eu faça?
- Quero contar com a sua discrição e a sua vontade de fazer o que é correto e o que é melhor para o seu país.
- Eu não sou páreo para o kriptoniano.
- E não precisa ser. Apenas faça o que eu digo.
- E porque eu, senhor? Porque não o ...
Lex Luthor o interrompe bruscamente.
- Rogers não é digno de confiança. Em vários aspectos, ele e o Alien guardam muitas semelhanças. Pensei em contactar Stark, mas optei por você. E então, o que você me diz, soldado?
Gotham City – 00:30 – Hoje
De acordo com suas fontes, o Agente Americano não precisaria encontrar o Batman. Iria ser encontrado por ele. Apenas seria necessário que ele estivesse em um determinado local.
Charon, um cemitério... Ele surge em um cemitério? Seria mesmo um morcego-humano? Um vampiro, como muitos dizem?
A voz eclodiu atrás do Agente Americano, interrompendo os pensamentos desconexos. Mas não era a voz que ele esperava ouvir.
- O horário de visita se encerrou faz tempo.
Robin estava debruçado sobre uma estátua em forma de anjo. A capa esvoaça com o vento frio.
- Vá embora, garoto.
- Aqui em Gotham as pessoas costumam pedir permissão para entrar.
- Último aviso.
Robin avançou sobre o Agente Americano.
Gotham City – Robinson Park – 00:25 – Hoje
Robin, o garoto-Prodígio. Enquanto espancava dois marginais e frustrava uma tentativa de roubo de carro, pensava na prova de química da manhã seguinte. Estava ansioso para voltar pra casa e dormir um pouco, talvez acordar mais cedo e revisar o assunto. Robin ficou perplexo ao constatar que estava preferindo os livros de química à bater em bandidos de rua. Deve ser a idade..., pensou.
- Oráculo chamando. Atenção, todos os operativos. Emergência no Charon. Um elemento uniformizado foi detectado pelos meus sensores. Ele está dentro do cemitério. Como vocês sabem, um uniformizado naquele local não pode ser apenas coincidência.
- Robin na escuta. Estou a 5 minutos do local. Vou pra lá imediatamente.
- Tenha cuidado Tim. Vou tentar localizar o chefe. Ele vai querer averiguar pessoalmente.
- Não se preocupe. Estava aquecendo agora há pouco. Se o sujeito folgar comigo, acabo com ele em dois tempos.
Cemitério de Gotham – 00:32 – Hoje
O Agente Americano segurou o garoto desacordado pela capa. Carregou o corpo com cuidado, até uma sepultura. Ao depositá-lo em cima da pedra fria, percebeu a sombra atrás de si.
- Você tem 2 segundos para a explicação.
- E você tem algo que eu quero – John Walker olhou para o morcego na penumbra. A contra-luz do poste apenas reforçou a imagem ameaçadora.
- Afaste-se do garoto, lentamente – A voz era seca e gutural. Ninguém com um mínimo de bom senso iria querer contrariar aquela voz.
Mas eu sou o Agente Americano... Nem mesmo o Capitão América me intimida.
- O garoto não está machucado.
- Para o seu bem, é bom que seja verdade.
O Agente Americano ergueu o escudo em seu braço esquerdo.
Já enfrentei o Capitão América antes, pensou Batman. Forte como um tanque. Resistiu a tudo. O escudo era como uma parte de seu corpo. Quanta hipocrisia... um símbolo americano utilizar um escudo como principal arma. Como se Rogers, uma máquina humana criada para a guerra, apenas atacasse para se defender. Como se os Estados Unidos apenas atacasse para revidar.
Mas isso não importava no momento. O Agente Americano não era o Capitão América. Ele era superior. E era maldoso. Não costumava se conter numa luta. Mais um pouco de pressão, e ele seria como o Slade.
O Agente Americano avançou sobre o Homem-Morcego. Com extrema rapidez, desferiu um golpe com o braço direito. O Batman não teve dificuldade para esquivar. Preciso me afastar. Batman empunhou duas lâminas, cada uma com cerca de 50 cm de comprimento, como se fossem duas cimitarras.
O Batman saltou sobre o Agente Americano, atacando a região do pescoço. Walker defendeu-se com seu escudo e contra-golpeou com o braço livre. Seu ataque atingiu a região da costela do Batman. Exímio lutador, o Homem-Morcego amorteceu o impacto, mas foi arremessado três metros para trás. Não fosse a proteção de sua armadura, teria suas costelas fraturadas.
No instante seguinte, o Agente Americano viu-se como alvo de meia dúzia de batarangues. Três foram defendidos facilmente, os outros três passaram direto. O Agente Americano era um soldado treinado. Sua visão periférica revelava que os três bumerangues estavam retornando, um pelo lado direito, um pelo esquerdo e outro por atrás. No instante em que John Walker arremessou seu escudo, o Batman avançou sobre ele. O Agente Americano preparou-se para a defesa, mas súbito, o Batman pulou por cima do soldado. Quando John Walker percebeu, já é tarde demais.
O escudo fora arremessado com extrema precisão. Ele realizou uma parábola perfeita e atingiu quase simultaneamente os três bumerangues. O escudo completava seu movimento, de volta para seu dono, mas antes de qualquer reação do seu adversário, o Batman interceptava a arma. Agora, o escudo lhe pertencia.
Não posso vacilar - pensou Walker - Agora é minha força contra...Deus sabe o que estou enfrentando. No fim das contas, minha força sempre foi tudo que precisei.
O primeiro golpe acertou o escudo como se fosse um bate-estacas. O Batman foi pressionado para trás, e ainda assim contra-golpeou, acertando um chute perfeito, na região de trás do joelho do soldado. Walker era estupidamente forte, mas suas juntas são tão frágeis quanto à de qualquer um. Sua perna esquerda dobrou-se com o impacto, fazendo-o cair com um joelho no chão. O Batman ergueu o escudo sobre a cabeça pronto para golpear o oponente com tudo. Desceu o braço violentamente, mas o Agente Americano segurou o escudo com suas duas mãos.
Ele é mais forte que o KGBesta... Muito mais forte - pensou Batman.
Walker forçava seu corpo para cima. Sua perna ardia, mas ele ignorava. Aos poucos, ele vai superando a resistência do Batman. O Agente Americano ergueu-se violentamente, carregando o Batman, agarrado em seu escudo, por cima de si, arremessando-o brutalmente contra uma lápide no lado oposto. O forte impacto partiu ao meio a estrutura de pedra, e o Batman mal teve tempo de colocar o escudo na frente antes de ser pisoteado no rosto.
Com um jogo de corpo agilmente executado, o Batman aplicou uma rasteira no Agente. Capoeira, um dos estilos preferidos do Dick, pensou. Walker caiu ao seu lado. Automaticamente, o Batman aplicou um duro golpe com seu cotovelo, que atingiu o pescoço do adversário. O Agente engasgou-se, perdendo o fôlego por breves segundos. O suficiente para o Batman levantar-se. O Homem-Morcego chutou violentamente a faixa da cintura do Agente Americano. É como se chutasse um saco de cimento, constatou. Chutou outra vez. O Agente Americano segurou o pé do Batman, e com relativa facilidade, o arremessou alguns metros para trás.
John Walker levantou-se e massageou seu pescoço. Ele é superior. Ele é mais habilidoso do que Rogers....Cuspiu um pouco de sangue. O Batman ergueu-se alguns metros adiante. Sentia o sangue do supercílio partido escorrer pela máscara negra e descer pelo queixo.
- Você é humano, afinal. – John Walker não parecia aliviado com esta constatação.
- É que todos pensam. Até eu esfregar a cara deles na sola de minha bota.
O Agende Americano avançou de um lado. O Batman avançou do outro. O Batman atacou, o Agente esquivou com uma velocidade muito superior. Numa sucessão de três golpes, o Agente facilmente desviou das investidas do Homem-Morcego.
Eu sou muito mais rápido – Walker esquivou-se de um chute que tinha sua perna como alvo. Eu sou muito mais forte – aplicou um gancho direto no queixo do Batman, tão rápido que ele mal foi capaz de erguer o escudo.
O Batman mal sentiu seu corpo tombar no chão. A vista escureceu. O Agente Americano aproximou-se do corpo inerte do Homem-Morcego.
- E eu quero meu escudo de volta.
O Agente Americano arrancou brutalmente seu escudo das mãos do Batman. Walker agarrou com firmeza seu pescoço e o ergueu do chão como se fora um peso de papel.
- Você não pode me derrubar – Bradou Walker.
Foi nesse momento que John Walker percebeu. O Batman estava sorrindo. Ele ouviu um sussurro. O Batman estava debilitado demais para falar.
- O quê?
- Eu n.. que...derr.....bar...cê...
- Desista. Você está acabado.
O sorriso do Batman era desconcertante. Agora suas palavras eram mais claras.
- Eu não...queria derrubar...você....Era só a ...distração....
O Agente Americano mal teve tempo de virar-se para trás. O arpéu o atingiu violentamente na nuca. John Walker desabou desfalecido. O Batman caiu do seu lado.
- Por que você...demorou tanto?
Asa Noturna surgiu atrás do Agente Americano.
Asa Noturna se aproximou-se do Homem-Morcego e lhe ofereceu a mão. Ele ajudou o mentor a levantar-se.
- Quem é o palhaço? Ele te atropelou.
- Não sei. Mas quando ele acordar, vamos ter muito o que conversar.
Sobre a pedra fria, Tim Drake despertava de seu repouso forçado. Sob si, o túmulo de Thomas e Martha Wayne.
Ele aproximou-se dos dois homens.
- Perdi alguma coisa?
Metrópolis – Torre da Lex Corp – 3:00 da Madrugada
Lex Luthor estava sentado em seu sofá. Serviu-se de um copo de uísque. On the Rocks. O baque que ouviu do lado de fora de sua janela o assustou. Num sobressalto, Lex levantou-se. O vidro era reforçado. Até mesmo o alien teria dificuldade em quebrá-lo. Aproximou-se da grande janela. Do lado de fora, o corpo inerte de John Walker jazia inconsciente. Súbito, as luzes se apagaram.
- Fique fora de Gotham.
Lex Luthor deixou o copo cair enquanto um arrepio percorria todo seu corpo.
- Hope... Mercy...
- Vão passar a semana na enfermaria – Asa Noturna surgiu atrás de Luthor.
- O que você quer? – Luthor olhou para o Batman - Está ciente de que a guarda nacional já está cercando o prédio?
- É o último aviso, Luthor. Se quiser passar seus últimos dias como presidente dos Estados Unidos intacto, esqueça que Gotham faz parte deste país. E desista de tentar pegar a pedra verde. Você já perdeu uma mão por causa dela. Não queira perder a vida.
- Você está ameaçando o seu presidente.
- Eu estou ameaçando um marginal como outro qualquer. Por princípio, eu não mato. Mas as coisas mudam.
A porta da grande sala foi arrombada. Dezenas de agentes adentravam ordenadamente o local, no mesmo instante em que a luz voltava a funcionar. Mas o Batman não estava mais lá.
Lex Luthor voltou-se para a janela e encarou o Agente Americano, ainda desacordado.
- Gotham fora do território dos Estados Unidos, você disse. Podemos providenciar isso.
Fim.
Um Agente Americano em Gotham.
Gotham City – Hoje – 23:00
John Walker adentrou no Shreck Palace Hotel. Depositou sua bagagem em cima do cômodo e retirou da pequena mala alguns poucos objetos. De notável, apenas um escudo reluzente e um uniforme rubro-negro. Walker sentou-se na cama, sereno. Ainda havia tempo. Ele estava receoso. Ouvira muitas coisas a respeito do Batman. Ele é humano? Ele pode ser ferido? As informações eram desencontradas. Se metade do que dizem for verdade...Walker deitou-se na cama. Ainda havia tempo.
Ainda há tempo... Tempo...
Metrópolis – Torre da Lexcorp – 1:00 - 2 Dias Atrás
O homem conhecido como Agente Americano estava em pé, de frente para a grande janela com vista panorâmica da bela Cidade do Amanhã.
- Senhor Presidente, acredito que o senhor deve ter ótimas razões para solicitar meus serviços, mas gostaria de mais detalhes a respeito do que estou me envolvendo.
Lex Luthor estava sentado no sofá. Serviu-se de uma dose de uísque. On the rocks.
- Está servido?
- Não, senhor. Muito obrigado.
- Muito bem. Como você deve saber, aquele homem pode, a qualquer momento, tornar-se um risco à segurança nacional e, em conseqüência, um risco a todo o planeta.
- Estamos falando do Super-Homem, senhor. Ele pode ser um idiota idealista, com o perdão da palavra, mas ainda é o melhor do mundo.
- Não, ele não é. Ele é um alien com delírios messiânicos que concentra poder demais em uma mente limitada demais. Se ele decidir tomar o planeta em suas mãos, nem a LJA , muito menos os Vingadores seriam capazes de pará-lo – Luthor serve-se de um gole de uísque - Recentemente uma meretriz de quinta categoria conhecida como Pamela Isley o dominou facilmente. Facilmente, Walker. Nós temos tipos como Despero, Mestre Mental, Brainiac, Emma Frost e Dominus soltos por aí. Diga Walker, você quer todo este poder fora de controle?
- E o que o senhor pretende que eu faça?
- Quero contar com a sua discrição e a sua vontade de fazer o que é correto e o que é melhor para o seu país.
- Eu não sou páreo para o kriptoniano.
- E não precisa ser. Apenas faça o que eu digo.
- E porque eu, senhor? Porque não o ...
Lex Luthor o interrompe bruscamente.
- Rogers não é digno de confiança. Em vários aspectos, ele e o Alien guardam muitas semelhanças. Pensei em contactar Stark, mas optei por você. E então, o que você me diz, soldado?
Gotham City – 00:30 – Hoje
De acordo com suas fontes, o Agente Americano não precisaria encontrar o Batman. Iria ser encontrado por ele. Apenas seria necessário que ele estivesse em um determinado local.
Charon, um cemitério... Ele surge em um cemitério? Seria mesmo um morcego-humano? Um vampiro, como muitos dizem?
A voz eclodiu atrás do Agente Americano, interrompendo os pensamentos desconexos. Mas não era a voz que ele esperava ouvir.
- O horário de visita se encerrou faz tempo.
Robin estava debruçado sobre uma estátua em forma de anjo. A capa esvoaça com o vento frio.
- Vá embora, garoto.
- Aqui em Gotham as pessoas costumam pedir permissão para entrar.
- Último aviso.
Robin avançou sobre o Agente Americano.
Gotham City – Robinson Park – 00:25 – Hoje
Robin, o garoto-Prodígio. Enquanto espancava dois marginais e frustrava uma tentativa de roubo de carro, pensava na prova de química da manhã seguinte. Estava ansioso para voltar pra casa e dormir um pouco, talvez acordar mais cedo e revisar o assunto. Robin ficou perplexo ao constatar que estava preferindo os livros de química à bater em bandidos de rua. Deve ser a idade..., pensou.
- Oráculo chamando. Atenção, todos os operativos. Emergência no Charon. Um elemento uniformizado foi detectado pelos meus sensores. Ele está dentro do cemitério. Como vocês sabem, um uniformizado naquele local não pode ser apenas coincidência.
- Robin na escuta. Estou a 5 minutos do local. Vou pra lá imediatamente.
- Tenha cuidado Tim. Vou tentar localizar o chefe. Ele vai querer averiguar pessoalmente.
- Não se preocupe. Estava aquecendo agora há pouco. Se o sujeito folgar comigo, acabo com ele em dois tempos.
Cemitério de Gotham – 00:32 – Hoje
O Agente Americano segurou o garoto desacordado pela capa. Carregou o corpo com cuidado, até uma sepultura. Ao depositá-lo em cima da pedra fria, percebeu a sombra atrás de si.
- Você tem 2 segundos para a explicação.
- E você tem algo que eu quero – John Walker olhou para o morcego na penumbra. A contra-luz do poste apenas reforçou a imagem ameaçadora.
- Afaste-se do garoto, lentamente – A voz era seca e gutural. Ninguém com um mínimo de bom senso iria querer contrariar aquela voz.
Mas eu sou o Agente Americano... Nem mesmo o Capitão América me intimida.
- O garoto não está machucado.
- Para o seu bem, é bom que seja verdade.
O Agente Americano ergueu o escudo em seu braço esquerdo.
Já enfrentei o Capitão América antes, pensou Batman. Forte como um tanque. Resistiu a tudo. O escudo era como uma parte de seu corpo. Quanta hipocrisia... um símbolo americano utilizar um escudo como principal arma. Como se Rogers, uma máquina humana criada para a guerra, apenas atacasse para se defender. Como se os Estados Unidos apenas atacasse para revidar.
Mas isso não importava no momento. O Agente Americano não era o Capitão América. Ele era superior. E era maldoso. Não costumava se conter numa luta. Mais um pouco de pressão, e ele seria como o Slade.
O Agente Americano avançou sobre o Homem-Morcego. Com extrema rapidez, desferiu um golpe com o braço direito. O Batman não teve dificuldade para esquivar. Preciso me afastar. Batman empunhou duas lâminas, cada uma com cerca de 50 cm de comprimento, como se fossem duas cimitarras.
O Batman saltou sobre o Agente Americano, atacando a região do pescoço. Walker defendeu-se com seu escudo e contra-golpeou com o braço livre. Seu ataque atingiu a região da costela do Batman. Exímio lutador, o Homem-Morcego amorteceu o impacto, mas foi arremessado três metros para trás. Não fosse a proteção de sua armadura, teria suas costelas fraturadas.
No instante seguinte, o Agente Americano viu-se como alvo de meia dúzia de batarangues. Três foram defendidos facilmente, os outros três passaram direto. O Agente Americano era um soldado treinado. Sua visão periférica revelava que os três bumerangues estavam retornando, um pelo lado direito, um pelo esquerdo e outro por atrás. No instante em que John Walker arremessou seu escudo, o Batman avançou sobre ele. O Agente Americano preparou-se para a defesa, mas súbito, o Batman pulou por cima do soldado. Quando John Walker percebeu, já é tarde demais.
O escudo fora arremessado com extrema precisão. Ele realizou uma parábola perfeita e atingiu quase simultaneamente os três bumerangues. O escudo completava seu movimento, de volta para seu dono, mas antes de qualquer reação do seu adversário, o Batman interceptava a arma. Agora, o escudo lhe pertencia.
Não posso vacilar - pensou Walker - Agora é minha força contra...Deus sabe o que estou enfrentando. No fim das contas, minha força sempre foi tudo que precisei.
O primeiro golpe acertou o escudo como se fosse um bate-estacas. O Batman foi pressionado para trás, e ainda assim contra-golpeou, acertando um chute perfeito, na região de trás do joelho do soldado. Walker era estupidamente forte, mas suas juntas são tão frágeis quanto à de qualquer um. Sua perna esquerda dobrou-se com o impacto, fazendo-o cair com um joelho no chão. O Batman ergueu o escudo sobre a cabeça pronto para golpear o oponente com tudo. Desceu o braço violentamente, mas o Agente Americano segurou o escudo com suas duas mãos.
Ele é mais forte que o KGBesta... Muito mais forte - pensou Batman.
Walker forçava seu corpo para cima. Sua perna ardia, mas ele ignorava. Aos poucos, ele vai superando a resistência do Batman. O Agente Americano ergueu-se violentamente, carregando o Batman, agarrado em seu escudo, por cima de si, arremessando-o brutalmente contra uma lápide no lado oposto. O forte impacto partiu ao meio a estrutura de pedra, e o Batman mal teve tempo de colocar o escudo na frente antes de ser pisoteado no rosto.
Com um jogo de corpo agilmente executado, o Batman aplicou uma rasteira no Agente. Capoeira, um dos estilos preferidos do Dick, pensou. Walker caiu ao seu lado. Automaticamente, o Batman aplicou um duro golpe com seu cotovelo, que atingiu o pescoço do adversário. O Agente engasgou-se, perdendo o fôlego por breves segundos. O suficiente para o Batman levantar-se. O Homem-Morcego chutou violentamente a faixa da cintura do Agente Americano. É como se chutasse um saco de cimento, constatou. Chutou outra vez. O Agente Americano segurou o pé do Batman, e com relativa facilidade, o arremessou alguns metros para trás.
John Walker levantou-se e massageou seu pescoço. Ele é superior. Ele é mais habilidoso do que Rogers....Cuspiu um pouco de sangue. O Batman ergueu-se alguns metros adiante. Sentia o sangue do supercílio partido escorrer pela máscara negra e descer pelo queixo.
- Você é humano, afinal. – John Walker não parecia aliviado com esta constatação.
- É que todos pensam. Até eu esfregar a cara deles na sola de minha bota.
O Agende Americano avançou de um lado. O Batman avançou do outro. O Batman atacou, o Agente esquivou com uma velocidade muito superior. Numa sucessão de três golpes, o Agente facilmente desviou das investidas do Homem-Morcego.
Eu sou muito mais rápido – Walker esquivou-se de um chute que tinha sua perna como alvo. Eu sou muito mais forte – aplicou um gancho direto no queixo do Batman, tão rápido que ele mal foi capaz de erguer o escudo.
O Batman mal sentiu seu corpo tombar no chão. A vista escureceu. O Agente Americano aproximou-se do corpo inerte do Homem-Morcego.
- E eu quero meu escudo de volta.
O Agente Americano arrancou brutalmente seu escudo das mãos do Batman. Walker agarrou com firmeza seu pescoço e o ergueu do chão como se fora um peso de papel.
- Você não pode me derrubar – Bradou Walker.
Foi nesse momento que John Walker percebeu. O Batman estava sorrindo. Ele ouviu um sussurro. O Batman estava debilitado demais para falar.
- O quê?
- Eu n.. que...derr.....bar...cê...
- Desista. Você está acabado.
O sorriso do Batman era desconcertante. Agora suas palavras eram mais claras.
- Eu não...queria derrubar...você....Era só a ...distração....
O Agente Americano mal teve tempo de virar-se para trás. O arpéu o atingiu violentamente na nuca. John Walker desabou desfalecido. O Batman caiu do seu lado.
- Por que você...demorou tanto?
Asa Noturna surgiu atrás do Agente Americano.
Asa Noturna se aproximou-se do Homem-Morcego e lhe ofereceu a mão. Ele ajudou o mentor a levantar-se.
- Quem é o palhaço? Ele te atropelou.
- Não sei. Mas quando ele acordar, vamos ter muito o que conversar.
Sobre a pedra fria, Tim Drake despertava de seu repouso forçado. Sob si, o túmulo de Thomas e Martha Wayne.
Ele aproximou-se dos dois homens.
- Perdi alguma coisa?
Metrópolis – Torre da Lex Corp – 3:00 da Madrugada
Lex Luthor estava sentado em seu sofá. Serviu-se de um copo de uísque. On the Rocks. O baque que ouviu do lado de fora de sua janela o assustou. Num sobressalto, Lex levantou-se. O vidro era reforçado. Até mesmo o alien teria dificuldade em quebrá-lo. Aproximou-se da grande janela. Do lado de fora, o corpo inerte de John Walker jazia inconsciente. Súbito, as luzes se apagaram.
- Fique fora de Gotham.
Lex Luthor deixou o copo cair enquanto um arrepio percorria todo seu corpo.
- Hope... Mercy...
- Vão passar a semana na enfermaria – Asa Noturna surgiu atrás de Luthor.
- O que você quer? – Luthor olhou para o Batman - Está ciente de que a guarda nacional já está cercando o prédio?
- É o último aviso, Luthor. Se quiser passar seus últimos dias como presidente dos Estados Unidos intacto, esqueça que Gotham faz parte deste país. E desista de tentar pegar a pedra verde. Você já perdeu uma mão por causa dela. Não queira perder a vida.
- Você está ameaçando o seu presidente.
- Eu estou ameaçando um marginal como outro qualquer. Por princípio, eu não mato. Mas as coisas mudam.
A porta da grande sala foi arrombada. Dezenas de agentes adentravam ordenadamente o local, no mesmo instante em que a luz voltava a funcionar. Mas o Batman não estava mais lá.
Lex Luthor voltou-se para a janela e encarou o Agente Americano, ainda desacordado.
- Gotham fora do território dos Estados Unidos, você disse. Podemos providenciar isso.
Fim.
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